A contínua e rápida degradação dos sistemas naturais observada em todo o planeta coloca em risco a saúde humana e pode reverter conquistas obtidas nas últimas décadas, como o aumento da expectativa de vida.

O alerta é de dois relatórios globais publicados simultaneamente nos últimos meses – um no fim de junho pelo Secretariado da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e o outro no mês seguinte pela Rockefeller Foundation, dos Estados Unidos, em colaboração com a revistaLancet, do Reino Unido.

O declínio desses serviços ecossistêmicos representa um risco crescente para a saúde humana e para a sustentabilidade econômica do planeta, avaliam os autores do documento.

“Diferentemente das mudanças climáticas, que podem se manifestar por meio de eventos extremos muito perceptíveis, como maior frequência de secas e inundações, a perda de biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos pela degradação ambiental é um processo lento, contínuo e pouco visível. Por isso, a maior parte das pessoas não se dá conta disso”, afirmou Dias.

O relatório indica que a contínua degradação ambiental já causou a perda de mais de 80% da vegetação herbácea, além de 90% de todas as áreas úmidas e dos estoques de peixes de maior porte no mundo.

Além disso, também resultou na perda de mais de 90% da variedade genética de espécies de trigo, arroz e frutas, como maçã, nas últimas décadas.

“A perda dessa diversidade de cultivares está tornando a população mundial mais vulnerável a surtos de pragas agrícolas e a um colapso na oferta de alimentos”, disse Dias.

Segundo ele, muitos dos fatores que estão causando a degradação ambiental mundialmente são os mesmos que estão levando à perda de qualidade da saúde humana.

Entre esses fatores estão as mudanças no uso da terra, sobre-explotação de recursos biológicos, poluição, dispersão de espécies exóticas e invasoras, além das mudanças climáticas e a acidificação dos oceanos.

“É necessário que os países se empenhem em atacar as causas das mudanças ambientais, promovendo padrões sustentáveis e equitativos de consumo, controlando o crescimento de suas populações e que usem o poder das novas tecnologias para promover mudanças”, disse Sir Andy Haines, professor da London School of Hygiene and Tropical Medicine, em sua palestra por videconferência durante o evento.

Algumas das medidas apontadas pelo relatório para diminuir os impactos da degradação ambiental na saúde humana são proteger os recursos hídricos, combater e reduzir o desperdício de alimentos, investir em planos escaláveis e modelos de financiamento para a implementação de energias renováveis e incentivar o investimento regional em infraestrutura de transporte urbano.

Com informações da Agência Fapesp