O biomédico caruaruense Onício Leal é um dos responsáveis pelo desenvolvimento de uma nova ferramenta de levantamento de informações sobre a esquistossomose. O programa está sendo chamado de Schisto Track, e moderniza os "inquéritos epidemiológicos", onde a coleta de dados é feita exclusivamente por tablets na plataforma Android. O aplicativo oferece como vantagens a anulação dos "erros de transcrição" e facilidade para o processo de coleta de dados.

Na medida em que os dados são coletados, eles são transmitidos em tempo real para uma plataforma web, sendo distribuídos em um mapa os pontos com ocorrência de criadouros e focos da esquistossomose.

"A principal vantagem é a qualidade da informação obtida e sua velocidade de consolidação. Os técnicos não precisam ficar carregando fichas de cadastros de pessoas e caramujos, pois tudo é incluído no tablet. No modo tradicional, com os técnicos utilizando fichas de cadastro manual, além do risco de erros na transcrição, o processo de transferência e consolidação dos dados era demorado. No Schisto Track, a análise está ‘a um clique’, destaca.

O trabalho será apresentado em Londres, nos dias 23 e 24 de setembro, durante o maior evento da área de inovação tecnológica em saúde, o 6º Congresso Mundial de Mídias Sociais, Aplicativos Móveis, Internet 2.0 em Saúde e Pesquisa Biomédica (Medicine 2.0).

"A apresentação do trabalho favorecerá a divulgação de experiências em inovação em saúde pública que são desenvolvidas no Brasil e nosso grupo assume o pioneirismo no país, sendo um dos primeiros a trazer modernização à saúde pública com uma tecnologia totalmente tangível aos serviços públicos devido ao baixo custo", complementa.

O projeto foi financiado pelo edital Papes VI/Fiocruz e tem autoria de Onício Leal, Constança Simões (pesquisadora do Departamento de Parasitologia da Fiocruz PE), do professor universitário César Martins e de Jones Oliveira (pesquisador da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE).

Desenvolvida para smartphones e tablets, a Schisto Track cadastra domicílios, moradores e criadouros. A ferramenta ainda possui recurso para registro fotográfico e armazenamento de dados, como número de caramujos, classificação do nível da água, salinidade e PH. A opção Track, disponível no menu, traça o mapa de deslocamento da equipe de trabalho. Todos os dados são armazenados automaticamente em um banco de dados na internet, dando mais segurança e velocidade para a informação.

"Estamos desenvolvendo uma segunda versão da ferramenta, que inclui a leitura de QR Codes (código de barra bidimensional que armazena informações e pode ser lido através de diversas plataformas, como smatphones e tablets) que serão deixados nos domicílios cadastrados. Com isso e portando uma impressora Bluetooth, os exames das famílias poderão ser impressos numa nova visita", explica Onício Leal.

Apesar de estar sendo utilizado para o controle da esquistossomose, o programa Schisto Track pode ser adaptado para o ‘‘inquérito epidemiológico” de outras doenças, como filariose e leishmaniose.

SOBRE O PESQUISADOR

Onício Leal é formado em Biomedicina pela Asces e fez residência em Saúde Coletiva (2010-2012) no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães. O caruaruense está finalizando o mestrado em Saúde Pública no mesmo centro, e trabalha com tecnologias e inovação em epidemiologia.

Além da apresentação em Londres, outro trabalho também será apresentado em setembro, durante a II Conferência Internacional de Detecção Digital de Doenças, em São Francisco (Califórnia, Estados Unidos). Um trabalho relacionado ao uso de redes sociais para detecção de casos e surtos de doenças infecciosas.

Fonte: Jornal Vanguarda / Diogenes Barbosa