A Dengue Neurológica é responsável por causar dificuldades para andar e comer, paralisia no rosto e nas pernas, convulsões e mudanças de comportamento tem aumentado o número de casos em todo o país e assustado estudiosos no assunto.

Um levantamento do serviço de Neurologia do Hospital da Restauração, em Recife, apontou que, em 2002, 34 pessoas tiveram quadros neurológicos após a infecção por dengue, o terceiro registro deste tipo de problema no País desde 1987.

Já no Estado de Mato Grosso do Sul, calcula-se que pelo menos dez pessoas tenham apresentado sintomas da “dengue neurológica”, somente no ano passado.

Em Goiás, em 2006, foram registrados 17 casos da doença, no ano passado, foram apenas cinco.

Para Luiz Hildebrando Pereira da Silva, do Instituto de Patologias Tropicais de Rondônia e um dos maiores especialistas em doenças tropicais, os quadros indicam que a alta circulação do vírus propiciou mutações do microorganismo, tornando-o mais agressivo.

Normalmente o vírus prejudica todos os vasos sanguíneos do corpo, mas nesses casos acabaria prejudicando gravemente também aqueles que irrigam áreas do cérebro que comandam os movimentos, por exemplo.

Em seus manuais clínicos, o Ministério da Saúde inclui os casos neurológicos em uma classificação chamada ‘dengue com complicações’, onde aparecem também problemas hepáticos, cardiorrespiratórios e gastrointestinais associados à doença.

As complicações podem surgir com um quadro de dengue clássica ou hemorrágica. Ou seja, além dos sintomas conhecidos, como febre, dor no corpo, surgem também, os problemas neurológicos.

Segundo especialistas, os quadros podem ter relação com uma resposta exacerbada do sistema de defesa do organismo. Em alguns casos, os sintomas aparecem quando o paciente está melhorando.

No ano passado, foram notificados no Brasil quase 200 mil casos de dengue a mais do que no ano de 2007, aumento relacionado a epidemias em Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. De janeiro a novembro de 2007, 536.519 casos suspeitos de dengue foram registrados. As taxas de letalidade foram duas vezes maiores do que as de 2002, maior pico da doença.

O ministro José Gomes Temporão disse não ter dados sobre o problema, mas destacou que novos números sobre a doença que deverão ser divulgados em breve mostrarão uma melhora da situação.