Não é novidade para ninguém que é preciso estar com a memória fresca e tinindo para fazer o Enem ou qualquer outra prova. Mas além de aprender o máximo de conteúdo possível, também ajuda ter hábitos ajudam na memorização.

Solange Jacob, especialista no assunto e diretora pedagógica do SUPERA, rede de escolas de ginástica para o cérebro, explica que a boa forma da memória depende de fatores fisiológicos e comportamentais.

A memória gosta de boas noites de sono, alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, interação social de qualidade e ginástica cerebral. Tem boa memória quem consegue prestar atenção, então é importante estar descansado e focar na explicação do professor para armazenar o conteúdo e evitar distrações — observa a educadora.

A ginástica cerebral, prática recomendada por Solange, é uma das maneiras comportamentais de exercitar a memória e o raciocínio. O método usa jogos, dinâmicas de grupo e as chamadas neuróbicas – atividades aeróbicas com os neurônios -, para ativar a memória em várias regiões do cérebro.

— As neuróbicas consistem em desempenhar tarefas rotineiras de formas diferentes, como escovar os dentes com a outra mão, mudar um trajeto diário ou sentar à mesa de jantar em lugares diferentes. Um treino bem feito estimula de maneira integrada e harmoniosa — detalha Solange.

Juarez Lopes é responsável pelo Instituto de Otimização da Mente, centro especializado em organização do pensamento e leitura dinâmica. Após décadas de estudos e palestras sobre o assunto, o especialista também considera a boa memória uma característica de quem tem o cérebro devidamente exercitado.

— Memorizar o conteúdo é sempre mais importante que decorar. Estudar para aprender é o primeiro passo para guardar na mente. Técnicas associativas dão muito certo para estudantes. É possível usar, por exemplo, a chave de memória, para recordar dezenas de conceitos a partir de números, palavras e temas — assegura Juarez.

Considerada um dos sintomas da geração jovem atual, a capacidade multitarefas não necessariamente traz mais produtividade. O excesso de ações e compromissos pode, inclusive, dificultar o desenvolvimento da memória, de acordo Juarez Lopes.

— Evitar estresse e dormir bem são excelentes para a memória. É preciso estar inteiramente em cada ação, fazer uma coisa de cada vez. O cérebro trabalha por hierarquia. Ao contrário do que se pensa, a cultura das multitarefas atrapalha o cérebro a trabalhar com foco — conta Juarez.

Dentro do grupo de hábitos nocivos à memória, Juarez ainda destaca o famoso overthinking (pensar demais, em tradução livre), considerada outra característica forte entre os estudantes. Entre os motivos que levam à sensação de cabeça cheia, o especialista aponta a desorganização mental e o celular como principais vilões.

— Dormir mal, estresse, pouca leitura, tudo isso causa dispersão. Não adianta pensar o tempo todo, seja no futuro ou no passado. Além disso, a memória sofre com o estresse causado pelo excesso de celular. As máquinas já se tornaram uma extensão das pessoas, e isso tem consequências na mente e no corpo — declara Juarez.

Quando o assunto são os efeitos de comportamentos geracionais, Solange Jacob concorda com Juarez. Segundo a professora, tanto o excesso quanto a escassez de rotina na vida podem danificar as atividades mentais.

— O consumo de álcool, cigarro e drogas prejudica a memória. Ter uma vida desorganizada e sedentária compromete o armazenamento de dados pelo cérebro e, consequentemente, gera lapsos futuros. É importante estabelecer rotinas de estudo, anotar conteúdos e compromissos, praticar atividade física e manter o cérebro ativo com livros, viagens e pessoas — conclui Solange.

Fonte: O Globo