Considerada a primeira criança no mundo a receber o coquetel contra a aids, Luciane Aparecida Conceição, agora é mãe. O que tem impressionado a comunidade científica é sua bebê recém-nascida, que não tem o vírus. Ana Vitória, nome dado pelo pai, nasceu de cesariana na maternidade do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) e, embora ainda faltem exames para reforçar a certeza, a verificação preliminar indica que é sadio.

“Deus nos atendeu e ela veio perfeita. Estamos muito felizes.”, declarou o pedreiro Daniel Ribeiro Martins, de 29 anos. O caso de Luciana ganhou repercussão ao ser infectada com o HIV pela mãe ao nascer, e ser uma das primeiras crianças a tomar o coquetel no Brasil.

A médica Sandra Wagner Cardoso, do Laboratório de  Pesquisa Clínica em HIV/Aids do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz, diz que o importante é vencer o preconceito. "O HIV não é mais um grande desconhecido que sentencia à morte. A infecção pode ser considerada hoje uma condição crônica para a qual dispomos de tratamento, do mesmo modo que a diabete ou a hipertensão e seu portador pode e deve levar uma vida normal", observa a médica.

Quando teve a certeza da gravidez, Luciane Aparecida Conceição, apelidada de Lu pelos parentes e amigos, então com 19 anos, torceu para que o bebê fosse menina e pudesse batizá-la Vitória.

O nascimento de Ana Vitória vai se tornar um marco, segundo a médica Rosana Paiva dos Anjos, infectologista da secretaria, que acompanha o caso. Além de o bebê ter nascido sem o vírus, o pai não se contaminou durante o relacionamento com a mãe que resultou na gravidez. Ela ressalta que a mãe, embora apresente carga viral zero, não está curada, mas controlada. “Ela continua recebendo o coquetel e, se parar, pode voltar a apresentar o vírus e os sintomas.” A filha, porém, deverá ser uma criança normal.