Um estudo que mais parece uma obra de ficção científica tornou-se realidade para cientistas da Universidade do Estado de Arizona (EUA).  A bactéria da Salmonella, famosa por causar intoxicações alimentares, foi mandada ao espaço a bordo do ônibus espacial Atlantis, em setembro do ano passado e como resultado foi constatado que elas voltaram mais fortes e mortais.

As bactérias foram mandadas devidamente embaladas para não causar nenhum problema com a tripulação chegando a Terra, camundongos que ingeriram os patógenos espaciais corriam risco três vezes maior de ficar doentes e morriam mais rápido do que roedores os quais receberam os microrganismos que nunca deixaram o planeta.

A preocupação dos cientistas é analisar quais modificações esses organismos sofrem, já que para qualquer lugar que o ser humano for as bactérias estarão juntas. Para os cientistas, a descoberta pode ajudar no combate a doenças infecciosas aqui mesmo na Terra.

Entenda a experiência. Cepas idênticas de Salmonella foram colocadas em dois contêineres. Um deles viajou a bordo do ônibus espacial, enquanto o outro foi armazenado na Terra, sob condições de temperatura similares às do Atlantis. Depois do retorno da nave, os camundongos receberam doses orais dos dois tipos de Salmonella e foram acompanhados por veterinários.

Mudança assustadora
Depois de 25 dias, 40% dos bichos que receberam a Salmonella terráquea ainda estavam vivos, comparados com apenas 10% dos roedores aos quais foi ministrada a bactéria "astronauta". Pior: a quantidade de microrganismos "espaciais" necessária para matar metade dos camundongos foi só um terço da quantidade de Salmonella normal que teve o mesmo efeito sobre os animais. Nada menos que 167 genes dos micróbios sofreram mudanças em seu funcionamento.

Para os cientistas há indícios de que as células bacterianas estão respondendo a mudanças geradas pelo ambiente de microgravidade (a popular "gravidade zero", termo que na verdade é inexato). "Esses micróbios conseguem perceber onde estão por meio de mudanças em seu ambiente. E, no minuto em que se dão conta dessas mudanças ambientais, mudam sua maquinaria genética para poder sobreviver", afirma a pesquisadora microbióloga Cheryl Nickerson.