Fisioterapeutas atuam na linha de frente em casos de Covid-19
De acordo com balanço publicado no início da semana, o Ministério da Saúde divulgou um percentual superior a 50% de recuperados da Covid-19 no Brasil. Dos casos notificados até então, 14.026 foram considerados recuperados. E um profissional que dá uma contribuição significativa para essa recuperação é o fisioterapeuta, pois está na linha de frente do tratamento, junto com outras áreas como a Medicina, Farmácia e Enfermagem, cuidando tanto da parte respiratória, como da questão motora dos pacientes.
Já que as principais decorrências de quem está em um quadro de internação pela Covid-19 são falta de ar, falta de oxigenação e inabilidade para respiração natural, o fisioterapeuta dá todo o suporte, participando desde a intubação auxiliando o médico, como no decorrer do tratamento, monitorando a ventilação mecânica, adaptando o paciente ao ventilador e fazendo a programação do seu uso de acordo com a necessidade de cada quadro.
A professora Adriana Siqueira, que atua nas áreas de Fisioterapia Respiratória, Cardiovascular e UTI, destaca que o fisioterapeuta contribui em uma fase muito delicada para o paciente, já que perde habilidades naturais que precisam ser reabilitadas. “Como a programação do paciente é de pelo menos três semanas com a ventilação mecânica, quando estiver apto para voltar a respirar sozinho ele terá um grande déficit motor, pois sentirá dificuldade para sentar sozinho, e outras funcionalidades básicas, como andar, por exemplo. Os músculos respiratórios também perdem força, então o fisioterapeuta vai treinar essa musculatura e recuperar o funcionamento normal”, explicou.
Ela detalha, ainda, como a Covid-19 exige que seja feita uma reabilitação adequada em razão de não restarem sequelas da patologia. “Nós também fazemos a extubação, ajudamos na remoção de secreção e usamos técnicas para que o volume da recuperação volte a ter a capacidade anterior. O fisioterapeuta é essencial na restauração da funcionalidade para devolver a vida ao paciente em relação às atividades diárias. Como geralmente é desenvolvida uma síndrome pós terapia intensiva que pode durar cinco anos, é fundamental ter uma reabilitação adequada”, frisou.
Essa reabilitação engloba a mobilização precoce no leito e procedimentos como o treinamento muscular respiratório, terapia de remoção da secreção e expansão pulmonar, programa de desmame da assistência ventilatória mecânica para retirada o mais precoce possível do ventilador, dentre outras formas de terapia.
SENTIMENTO EM ESTAR NA LINHA DE FRENTE
Adriana também tem atuado diretamente na luta contra a Covid-19, no Hospital Oswaldo Cruz, que é referência para o tratamento da doença no Recife. Ela relata que a situação é muito difícil, porém, gratificante em poder ajudar a salvar vidas. “O cenário atual é de difícil enfrentamento por questões como a falta de EPI’s para os profissionais, por ver muitos profissionais e colegas de trabalho adoecendo e sendo afastados do trabalho e muitas vezes da família. Mas o lado gratificante é poder contribuir positivamente para o enfrentamento do Coronavírus e de forma ativa ver a profissão sendo mais valorizada, já que a população passa a conhecer mais nossa importância e atuação”, afirmou.