SÃO PAULO (Folhapress) – Pes­quisa nacional encomendada pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) aponta que 41% dos consumidores brasileiros já foram ou estão impossibilitados de fazerem compras a prazo por estarem com o nome “sujo”. Os motivos principais indicados pelos inadimplentes são a falta de planejamento financeiro e a dificuldade de avaliar o quanto efetivamente pagam quando fazem compras parceladas. Apesar deste cenário incluir pessoas das classes A e B, o estudo mostra que são os brasileiros das classes C e D os que mais sofrem com a situação da inadimplência.

 

 

De acordo com os dados, 44% das famílias com renda até R$ 3.825 mensais já estiveram ou estão com os nomes bloqueados para compras a prazo. Em famílias brasileiras com renda superior a este limite, o percentual cai para 32%. Em famílias brasileiras com renda até R$ 3.825 por mês, 40% manifestam despreocupação em se informar sobre as taxas de juros, enquanto que nas classes de renda superior a despreocupação cai para 19%.

 

 

Segundo Nelson Barrizzelli, economista do SPC Bra­sil, há uma relação direta entre renda e escolaridade, ou seja, quanto maior o faturamento mensal per capita, maior o nível de instrução destas pessoas. Apesar de o conhecimento sobre o custo das taxas de juros praticadas pelo mercado ser essencial na hora de contratar um financiamento, a pesquisa revela ainda que quanto menor a renda, menor o interesse em se obter essas informações. “Pessoas com menos escolaridade são as que mais ignoram o assunto e, como consequência, são as que mais juros pagam nas suas compras financiadas, fato que as leva à inadimplência”, explica Barrizzelli.

 

 

A pesquisa aponta também que 64% das famílias com renda até R$ 3.835 possuem entre um e quatro cartões de crédito. Nas famílias com renda acima desse limite, o percentual é de 77%. Dessa forma, famílias com poder aquisitivo completamente diferentes têm praticamente o mesmo acesso ao uso de cartões, que atualmente praticam os juros mais altos do mercado. No entanto, a pesquisa revela que as primeiras (de menor poder aquisitivo) não conseguem avaliar a risco de inadimplência que estão correndo, caso surja algum obstáculo financeiro de qualquer natureza durante o período de financiamento.