A equipe de cientistas australianos, liderada por Trish Lavery, da Universidade Flinders, em Adelaide, calcula que cachalotes do Oceano Antártico liberam cerca de 50 toneladas de ferro em suas fezes por ano, o que estimula o crescimento de plantas marinhas – fitoplâncton – que absorvem gás carbônico durante a fotossíntese.

O processo resulta na absorção de cerca de 400 mil toneladas de carbono – mais do que o dobro do que as baleias liberam na respiração, afirma o estudo.

A pesquisa, publicada na revista da Royal Society (Sociedade Real) Proceedings B, diz que o processo também gera mais comida para as cerca de 12 mil baleias da espécie que se acredita existir nesta região.
Fitoplâncton é a base da cadeia alimentar marinha nesta parte do mundo e o crescimento destas pequenas plantas é limitado à quantidade de nutrientes disponível, incluindo o ferro.

Fertilizante

Durante a última década, muitos grupos de cientistas realizaram experiências inserindo ferro nos oceanos para tentar conter as mudanças climáticas.

Nenhuma destas experiências foi bem-sucedida; a maior delas, a expedição alemã Lohafex, jogou seis toneladas de ferro no Oceano Antártico em 2008, mas não verificou nenhum aumento sustentável de carbono.

Apesar do carbono absorvido pela ação dos cachalotes – 400 mil toneladas – representar uma quantidade dez mil vezes menor do que as emissões anuais de combustíveis fósseis, os pesquisadores ressaltam que o total global pode ser maior.

Estima-se que haja várias centenas de milhares de cachalotes nos oceanos, apesar de ser difícil contá-los e que fezes de baleia estejam fertilizando plantas em várias partes do mundo.

Os cachalotes se alimentam – basicamente de lulas – no fundo do oceano e defecam nas águas mais próximas da superfície onde o fitoplâncton pode crescer, tendo acesso à luz.

Segundo os pesquisadores, liberar o ferro aqui é também bom para as baleias, já que o fitoplâncton é consumido por animais marinhos minúsculos – o zooplâncton – que, por sua vez, são consumidos por criaturas maiores que fazem parte do cardápio das baleias.

Fonte: BBC Brasil