Enquanto países europeus tentam se desfazer de estoques de vacina que encalharam, o Ministério da Saúde (MS) comprou mais 30 milhões de doses e decidiu incluir na campanha de imunização contra a gripe A(H1N1) um novo grupo: pessoas entre 30 e 39 anos que não apresentam doenças crônicas. A vacinação começará na rede pública no próximo dia 8 de março.

Com a nova medida, o ministério amplia a faixa de jovens saudáveis que serão vacinados, que antes ia dos 20 aos 29 anos. Além deles, serão imunizados profissionais de saúde, crianças de 6 meses a 2 anos incompletos, pessoas com problemas crônicos de saúde, povos indígenas e mulheres grávidas.

A ampliação do público-alvo, segundo o ministro José Gomes Temporão, foi decidida porque, entre os grupos de fora, a faixa etária dos 30 a 39 anos era a que tinha mais risco de agravamento da doença. A inclusão se deu também porque sobraram doses da vacina no Hemisfério Norte, o que aumentou a disponibilidade do produto no mercado internacional.

Questionado sobre o fato de a atuação do governo brasileiro estar indo na contramão da Europa, Temporão afirmou que, uma vez comprovado que a vacina é eficaz, não haveria por que não proteger a população. Ele disse que os brasileiros têm uma cultura de adesão às campanhas de vacinação maior do que os europeus e lembrou que a situação na Europa é diferente da verificada nos Estados Unidos, México e Canadá, onde a procura pela imunização foi maior.

Nos dois últimos meses, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem sido acusada de aumentar o alarde em relação à nova gripe para favorecer interesses econômicos de laboratórios farmacêuticos. Nesta semana, a OMS afirmou que seria prematuro dizer que a pandemia já atingiu seu pico, mas reconheceu que ela não foi tão grave como se pensava.

No Brasil, os primeiros grupos a serem imunizados serão os indígenas e os trabalhadores de serviços de saúde que lidam com possíveis doentes, fase que irá de 8 a 19 de março. Serão vacinadas 91 milhões de pessoas. Mais 20 milhões de doses ficarão armazenadas para suprir perdas durante o processo e para a possibilidade de vacinar outros grupos.