Autoridade pode ser investigada por morte de promotor
No primeiro dia de julgamento dos dois acusados de matar o promotor de Cupira (Agreste), Rossini Alves Couto, um novo fato abriu possibilidade para novas investigações. Pela primeira vez, o procurador-geral de Justiça, Paulo Varejão, admitiu que pode apurar a participação de uma “autoridade” como mandante do crime, ocorrido em maio de 2005.
A hipótese foi levantada por ele depois que a também promotora Sarah Souza Silva, viúva da vítima, não compareceu à sessão, que começou ontem, no Fórum Thomaz de Aquino, Centro do Recife. Segundo uma das filhas de Rossini, Natália de Morais Couto, 23 anos, ela não foi ao júri porque está “incrédula em relação ao andamento do processo e acredita que o crime tenha outro mandante.”
Segundo Varejão, o assunto será tratado com a promotora após o julgamento. “Vou conversar com Sarah sobre esse possível mandante ser uma autoridade e pedir a minha assessoria para investigá-lo. Se encontrarmos indícios, vamos oferecer denúncia.” A sessão do júri, presidida pelo juiz Pedro Odilon de Alencar Luz, começou pouco depois das 9h e foi marcada pela presença maciça de promotores e familiares de Rossini. Os parentes vestiam camisas brancas como forma de protesto. Às 21h30, os trabalhos foram suspensos e serão retomados hoje, às 8h30. A expectativa é que o julgamento acabe às 18h30.
Nos depoimentos na plenária, os réus – o ex-soldado da Polícia Militar José Ivan Marques de Assis, 45, e Silvonaldo Leobino da Silva, 27 – negaram envolvimento, alegando que estavam em Caruaru no dia do crime. Apresentaram versões parecidas e afirmaram ter sido torturados por delegados durante o período em que estiveram detidos na carceragem da Polícia Federal. Disseram ainda que os delegados ofereceram dinheiro para apontarem prefeitos e vereadores do Agreste como mandantes do assassinato. “Fiquei numa cela sem banheiro e defequei 30 dias num balde de lixo. O delegado me ofereceu R$ 50 mil para culpar um político”, ressaltou José Ivan.
Segundo a denúncia do MPPE, defendida pelos promotores Ricardo Lapenda, André Rabelo e Fabiano Araújo, o ex-soldado da PM atirou em Rossini enquanto Silvonaldo pilotava a moto utilizada no crime. Duas denúncias teriam motivado a execução. Uma delas Rossini fez à Justiça, um mês antes de morrer, acusando uma autoridade de vender alvará de soltura por intermediação de José Ivan e, a segunda, feita por Sarah Souza, acusando o ex-PM de tortura.
Com informações do Caderno de Cidades do Jornal do Commércio.