Considerada a capital brasileira mais violenta das Américas, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Recife sedia até a próxima quinta-feira (25), um encontro com especialistas do Brasil e do exterior debatendo sobre o medo, a violência e a cidadania.

Segundo o professor Alcindo José de Sá, coordenador do encontro, a idéia é entender o conjunto de fatores que leva os cidadãos à insegurança e ao isolamento, assim como apontar caminhos para mudar essa situação.

“Vivemos atualmente numa desordem, cercados de pessoas inseguras e paranóicas, desconfiadas umas das outras. As relações se tornaram mais virtuais do que reais. O propósito do evento é analisar o que tem levado a essa nova estrutura ‘anticivilizacional’, representada pelos altos índices de violência registrados no país. É preciso resgatar a cidadania, o direito a convivência saudável e o respeito mútuo”, defendeu.
 
Entre os palestrantes do evento estão os professores da Universidade Tecnológica de Medellin, da Colômbia, Glória Evelyn Martinez, Jacinto Jimenez e Análida Rincón. Eles vão falar sobre os conflitos que o governo do país vive com o narcotráfico e a guerrilha de esquerda, que induziu o processo de mudança forçada de milhares de camponeses e indígenas de suas terras de origem.

Como iniciativa para discutir a violência no Estado, a cada homicídio ocorrido no Recife neste mês, uma figura humana é pintada de vermelho com a palavra "Basta" no chão do local onde a vítima foi assassinada. O projeto-piloto, batizado de "Marcas da Violência", foi lançado pelo blog PEbodycount, iniciativa de quatro jornalistas pernambucanos e somente durante este mês, 243 marcas vermelhas podem ser encontradas na cidade.