Uma combinação de fatores ambientais, biológicos e sociais tornam um problema que aparentemente seria simples em uma situação muito mais complexa. A dengue está voltando a assustar e o alerta é dado devido aos índices da doença. Nos primeiros sete meses deste ano, o número de contaminações aumentou 52% em relação a 2006. Foram 7.106 pernambucanos que adoeceram vítimas da dengue clássica, as estatísticas são da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e expõem a ineficácia das atuais estratégias para controlar os focos do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti.

Para o secretário-executivo de Assistência à Saúde, Cláudio Duarte, são três os principais eixos do combate à doença: vigilância epidemiológica, atendimento clínico e conscientização social. Por isso, desde ontem, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco promove oficina de trabalho para elaborar novas diretrizes de controle da incidência de casos. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Centro Aggeu Magalhães da UFPE, da SES e do Ministério da Saúde estão envolvidos com a oficina.

Uma das conclusões anunciadas é que 53% dos casos de dengue hemorrágica verificados este ano ocorrem em pessoas que contraíram a doença pela primeira vez, e não na segunda, como costumava ocorrer.

Ele ressaltou que as equipes de epidemiologia são insuficientes para erradicar todos os pontos de água parada. Nesses ambientes, o Aedes aegypti pode depositar até 120 ovos a cada três dias. O mosquito vive geralmente por até 35 dias.

De acordo com o biólogo e pesquisador do Aggeu Magalhães, André Furtado, lembra que o problema da dengue não é responsabilidade exclusiva dos serviços de saúde. “É uma questão de comprometimento da população”, afirma ele, que destaca a importância da contribuição da sociedade no controle dos focos de mosquito. A falta de prevenção no dia-a-dia é, muitas vezes, o maior responsável pelo aumento da infestação do mosquito.