Foram divulgados, anteontem, pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, os dados do levantamento realizado pelo órgão. A informação surpreende até aos pessimistas. Até o dia 25 de maio, deste ano, o brasileiro trabalhou só para pagar impostos. Foram quase cinco meses totalizando 146 dias trabalhando para pagar taxas, contribuições e mais impostos. 

Caso queiram saber qual é a classe mais prejudicada, a resposta é simples. Qualquer trabalhador assalariado ou não, acaba gastando quase metade de tudo o que ganha com tributos. Aproximadamente 40,01% do rendimento bruto anual, de acordo com a pesquisa.

São uma gama de letras, códigos e cifras que assustam, CPMF, ICMS, IPI, Imposto de Renda, IPTU, IPVA, entre outros, acabam formando a carga tributária imposta para a sociedade. Um exemplo bem na nossa frente é o detergente que usamos na cozinha. 40% do preço desse produto de limpeza que tiramos das prateleiras é imposto. Uma TV de 29 polegadas, que custa, em média, R$ 1.200, poderia ser quase R$ 500 mais barata não fosse ele: o imposto.

Para alertar o cidadão, diversas entidades realizam mobilizações e ações em todo o País procurando conscientizar e mostrar formas de reverter a situação. Para a Associação da Classe Média (Aclame), hoje é comemorado, desde 2004, o Dia da Liberdade de Impostos. Outra iniciativa, esta de âmbito nacional, o projeto De Olho no Imposto, que propõe a inclusão dos valores dos tributos nas notas fiscais de produtos ou serviços, foi votada no Senado e irá à aprovação na Câmara dos Deputados nos próximos dias.

A Mestre em Economia, Nadine Agra, comenta que o grande problema é o efeito cascata que acontece com os tributos. “Na hora de comprar um carro popular, no valor de 20 mil, qualquer consumidor vai pagar no ato aproximadamente seis mil de IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados. Para retirar o carro da concessionária serão mais mil reais de IPVA. Para abastecer e poder sair com carro, o consumidor paga mais o ISG, Imposto Sobre a Gasolina. No final das contas quem paga mais é a classe média e o assalariado.” Disse a economista da Associação Caruaruense de Ensino Superior, Asces.  “Quanto mais imposto se pagar, menor o poder de compra”, concluiu.

Enquanto o brasileiro tem que trabalhar em média 146 dias só para pagar tributos, um morador da Suécia leva 185 dias. Porém, a infra-estrutura oferecida pelo governo sueco aos seus habitantes difere muito da que o Brasil proporciona. Na mesma comparação, os americanos trabalham pouco mais de cem dias; os espanhóis, 137. Nossos vizinhos argentinos trabalham pouco mais de três meses para pagar todas as taxas.

Você conhece todos os impostos?
Confira no Portal Asces os principais:

CPMF – Contribuição Provisória é cobrada pelas movimentações financeiras como transferências de dinheiro ou aplicações. Atualmente o porcentual cobrado é de 0,38.

ICMS – (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) é uma das maiores fontes de renda para os Estados. Na maioria das vezes, é embutido no preço dos produtos e serviços e corresponde ao percentual de 18%.

ITR – O Imposto Territorial Rural deve ser declarado por pessoa física ou jurídica, inclusive de imóvel imune do imposto ou isento do pagamento, que seja proprietário, enfiteuta ou foreiro, usufrutuário ou possuidor a qualquer título de propriedades rurais.

Imposto de Renda – O Imposto de Renda deve ser declarado por qualquer pessoa que possua um CPF, independente de estar na faixa dos que devem pagar tributos ou não. Em março, começa a declaração dos contribuintes que têm de acertar contas com o Fisco. Os isentos fazem seu acerto no segundo semestre.

IPTU – O Imposto Predial e Territorial Urbano é cobrado pelos municípios de acordo com o valor e a localização do imóvel.

IPVA – O Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores é cobrado pelos governos estaduais com preços e calendários definidos por eles. Não esqueça que, com o IPVA em atraso, você pode ser multado e ter seu veículo apreendido pelos agentes fiscalizadores de trânsito.