A Capital do Agreste é reconhecidamente uma terra de artistas vigorosos nascidos do barro. Mas, da essência terra também foi gerada uma extensa relação de grandes poetas, escritores e jornalistas que se destacaram nacionalmente na política, nas artes e na literatura. Os mais conhecidos são: Austregésilo de Athayde, Nelson Barbalho, Álvaro Lins, Aurélio de Limeira Tejo e, com todos os méritos, lembramos também dos irmãos Condé, especialmente de José Condé e de sua obra “Terra de Caruaru”.

Com todas as dificuldades enfrentadas por uma cidade interiorana do Brasil, algumas destas personalidades freqüentaram escolas primárias no município e depois seguiram caminho para o destaque e o reconhecimento.

Em 25 de setembro de 1898, nasceu na atual rua Quinze de Novembro, no centro de Caruaru, Austregésilo de Athayde. Filho do desembargador José Feliciano Augusto de Ataíde, Austregésilo logo precisou acompanhar o pai em seu trabalho. Formou-se em Direito, no ano de 1922, e passou a trabalhar como jornalista, até se tornar dirigente dos Diários Associados. 

Fez parte ainda da delegação brasileira na III Assembléia Geral das Nações Unidas, realizada em Paris, e integrou a Comissão Redatora da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Em 1951 foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras e se tornou presidente da Instituição em 1959, tendo sido reeleito para dirigi-la por 34 anos, até o fim de sua vida.

Outro exemplo de caruaruense foi Álvaro de Barros Lins. Considerado um dos maiores críticos literários da história do Brasil, Lins ainda trabalhou como jornalista, historiador, erudito e diplomata. O olhar crítico de Lins para a literatura era extremamente aguçado. Sob seu crivo passaram Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Jorge de Lima, Lúcio Cardoso, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Clarisse Lispector, Jorge Amado e Guimarães Rosa. Em uma de suas obras, “O Relógio e o Quadrante”, de 1963, Lins revela as obras dos melhores autores da literatura brasileira do século XX.

Álvaro Lins nasceu em 14 de dezembro de 1912, formou-se em Direito e, em seguida, iniciou sua carreira jornalística como redator do Diario de Pernambuco. Em 1955, assumiu a cadeira nº 17 da Academia Brasileira de Letras, além de ter sido chefe do gabinete Civil de Juscelino Kubitschek, em 1956. Também foi embaixador do Brasil em Portugal, no mesmo ano. Faleceu no dia 04 de junho de 1970, no Rio de Janeiro.

Lembranças de Gonzagão
Das personalidades caruaruenses de destaque não podemos nos esquecer de Nelson Barbalho. Nascido no dia 02 de junho de 1918, não chegou a concluir o curso secundário no Colégio Americano Batista do Recife, regressando à terra natal para trabalhar. Aposentou-se como fiscal do IAPAS, função que lhe permitiu conhecer quase todas as cidades do interior pernambucano, recolhendo, assim, farto material para seus livros.

Barbalho era jornalista, historiador, pesquisador, lexicógrafo e compositor musical, parceiro em diversas músicas com Luís Gonzaga – o rei do Baião.

Ele sempre foi um escritor. Autor de quase uma centena de livros, entre os quais são destaques: “Cronologia pernambucana” (com vinte volumes publicados dos quase cinqüenta que compõem a obra); “Meu povinho de Caruaru”; “Major Sinval”; e, suas maiores obras,  “País de Caruaru” e “Caruaru da Vila a Cidade”, ambas de 1974.

Em suas composições, muitas delas gravadas por Luiz Gonzaga, está “A Morte do Vaqueiro”, narrativa sobre o assassinato de Raimundo Jacó, primo do Gonzagão. Faleceu na cidade do Recife, no dia 22 de outubro de 1993.

 
A Terra de Condé
Embaixadores do “país de Caruaru”, os irmãos Condé deram significativa contribuição à literatura brasileira. José Condé foi escritor e nasceu no ano de 1918. Autor de 15 romances, ele teve uma de suas obras adaptadas para a TV. “Venturas e Desventuras do Caixeiro-Viajante Ezequiel Vanderlei Lins, o seu Quequé para os Íntimos”, narra a história de um caixeiro-viajante que é casado com três mulheres diferentes, estabelecendo a poligamia. Ele vai ao tribunal para responder por isso, mas as três mulheres fazem a defesa dele. Com este enredo, a TV Globo produziu uma minissérie, baseada no romance. Em 1949, já no Rio de Janeiro, fundou, com os irmãos João e Elysio, o Jornal de Letras.

A influência dos Condés era grande. No centenário da cidade de Caruaru uma verdadeira comitiva de celebridades marcou presença nas comemorações. O jornal A Defesa, do dia 17 de maio de 1957, registrou a presença do próprio presidente da República à época, Juscelino Kubitschek, acompanhado de personalidades como: o poeta Carlos Drummond de Andrade; o pintor Di Cavalcanti; os escritores Rubem Braga, Múcio Leão, Antônio Calado e Godofredo da Silva Teles; entre outros. José faleceu em 1971, no Rio de Janeiro. 

Entre suas grandes obras estão: “Terra de Caruaru”, de 1960; “Vento do Amanhecer em Macambira”, de 1962; “Pensão Riso da Noite: Rua das Mágoas”, de 1966; “Como uma Tarde em Dezembro”, de 1969; “Tempo Vida Solidão”, de 1971; e, “Obras Escolhidas”, de 1978.
 
Limeira Tejo, a sociologia das obras caruaruenses
Um caruaruense até então pouco conhecido, traz em sua bibliografia obras importantes para a literatura, escritas através de uma visão sociológica e uma descrição quase que narrativa dos fatos de uma velha Caruaru do século XX. Aurélio de Limeira Tejo produziu os títulos: “Brejos e Carrascais do Nordeste”; “Enéias – Memórias de uma geração ressentida”; “Brasil Potência Frustrada” e, por último, “Retrato Sincero do Brasil”.

Nascido em 1908, filho de um industrial do algodão, Limeira Tejo pôde descrever através da sua visão aristocrática como se passava o interior do Agreste. Com certeza uma das primeiras obras autobiográficas já vistas na Literatura brasileira.

Com esses nomes Caruaru fez história, através de biografias, crônicas, poemas e canções.