O segredo das escolas que brilham no Enem
Pelo segundo ano consecutivo, Fortaleza aparece como destaque positivo no deplorável cenário da educação nacional. Das dez escolas pontuadas com as melhores notas no último Enem, quatro ficam na capital cearense (no ano passado, eram três). O tradicional Colégio Ari de Sá emplacou duas de suas unidades em 2º e 5º lugares, enquanto o Christus aparece em 4º e o Antares, em 9º. Mais abaixo, na 20ª posição, está o Farias Brito, outra instituição com lugar cativo entre as campeãs do exame.
Três fatores principais explicam o sucesso das escolas cearenses no topo do ranking – todas particulares. São eles a jornada escolar quase integral, o sistema de reconhecimento e premiação dos melhores alunos e o investimento maciço no aperfeiçoamento de professores. Todas as quatro escolas já anteciparam parte da reforma aprovada para o ensino médio, com horários estendidos pelo menos duas vezes na semana. As aulas da tarde costumam aprofundar os temas debatidos em sala e são opcionais, atendendo ao interesse de cada aluno.
O diretor do Colégio Christus, José Rocha, atribui o sucesso da escola ao equilíbrio, desde o ensino infantil, entre métodos tradicionais de ensino e atividades que exigem raciocínio e criatividade. “No quadro de honra entram todos os alunos que têm média acima de 8 em todas as disciplinas. Premiamos os melhores, mas sem estimular uma competição destrutiva”, explica. No Farias Brito, a partir da 6ª série do ensino fundamental os melhores alunos são selecionados para as chamadas “turmas olímpicas”. Nelas, recebem aulas de nível universitário e conteúdo mais aprofundado – tudo em nome da preparação para representar o colégio em olimpíadas internacionais de matemática e física. “Preservando-se a ética e a lealdade, os educadores devem, sim, preparar o aluno para competições”, defende o diretor, Tales Cavalcante.
No Colégio Ari de Sá Cavalcante, vice-campeão do Enem, os alunos não são os únicos premiados por bom desempenho. Professores que cumprem o cronograma de aulas, entregam os trabalhos propostos e não faltam ganham bônus de 10% no salário. A própria contratação passa por um sistema rígido de seleção. “Aqui, a meritocracia funciona de ponta a ponta”, diz o diretor-presidente, Oto de Sá Cavalcante. Uma receita simples que, como mostra o ranking do Enem, faz toda a diferença.
Fonte: Revista Veja