Faculdade Asces – Como o senhor definiria Sustentabilidade Ambiental e sua relação com a administração pública no município de Caruaru?

Prefeito – Esta é uma questão de extrema importância para nós. Inauguramos os parques Severino Montenegro e Baraúnas, dois importantes espaços de preservação ambiental e também dois equipamentos importantes para a prática de lazer e esportes. Também consolidamos Conselho da Serra dos Cavalos, que vai garantir a preservação de uma das mais importantes reservas de Pernambuco. Em outro plano estamos discutindo ações com a iniciativa privada como contrapartida. Foi o que aconteceu com o Condomínio Campos do Conde, que irá preservar uma área para a construção de um parque público. Estamos dando uma atenção especial à bacia do rio Ipojuca. No dia 29 assinamos um convênio de R$ 15 milhões com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, para obras de drenagem e urbanização nos canais do Salgado e Mocós. Assim vamos evitar enchentes, tratar do rio e da saúde pública. Já havíamos assinado outro convênio com o Governo do Estado para o projeto Janelas para o Rio, que prevê a construção de um parque entre os bairros do Cedro e Cidade Jardim, evitando ocupações irregulares e preservando toda aquela área.

Faculdade Asce – O Plano Diretor do Município, datado de julho de 2004, contempla poucos aspectos em relação ao meio ambiente. A sua gestão pretende sugerir reformulações? Quais?

Prefeito – Apresentamos à sociedade o projeto Caruaru 2030 – Um novo modelo de desenvolvimento porque entendemos que a cidade precisa ser repensada. A nossa matriz econômica está mudando, estamos recebendo mais indústrias e gerando cada vez mais empregos, o que potencializa o consumo e aquece o comércio. No entanto, a questão ambiental deve ter foco neste desenvolvimento. Chamamos toda a sociedade para discutir novas ideias, que vão gerar o planejamento estratégico de Caruaru para as próximas duas décadas. É o momento de formar opiniões e construir políticas públicas que garantam o ciclo de desenvolvimento, mas assegurem a conservação ambiental. As comissões temáticas iniciam os debates em janeiro e devem concluir os trabalhos em 60 dias, então acredito que em março ou abril teremos o documento definitivo, concebido de maneira coletiva, que irá apontar para o futuro.

Faculdade Asces – A busca por apoios entre a iniciativa pública e privada visando equipar os Parques Ecológicos foi uma iniciativa inédita na cidade?

Prefeito Foi, e quebramos paradigmas com isto. Mas devo dizer que não podemos ficar contemplando o passado, precisamos mirar o futuro, compreendê-lo e estar preparados para ele. Agora o principal é saber que estamos colaborando para criar uma nova consciência no empresariado. Hoje os empreendedores sabem que precisam apresentar compensações ambientais para erguem uma obra. Isto é fundamental para que as ações não dependam exclusivamente do poder público. O estímulo à criação dos conselhos, que são plurais, com representantes de vários setores da sociedade, também é um passo fundamental para que a sociedade se aproprie do tema.

Faculdade Asce – Para o senhor, qual é o principal desafio de um gestor quando o assunto é meio ambiente?

Prefeito –
Conciliar o desenvolvimento com a preservação. As cidades brasileiras cresceram, em sua maioria, de maneira desordenada. São muitas ocupações, sendo várias delas irregulares e de risco e, por muitos anos, a instalação de indústrias foi estimulada sem qualquer política que compensasse os impactos ambientais. Por outro lado, as indústrias são importantes para gerar empregos e distribuir renda. Então o desafio que se coloca para o futuro é planejar o desenvolvimento, saber onde queremos estar daqui a 20 anos e como vamos chegar lá. Poder medir, criar estimativas e marcos de comparação e regulação. Não é uma tarefa fácil, mas é fundamental para qualquer cidade de grande ou médio porte hoje.