Usuários desses aparelhos devem avaliar formas de reduzir sua exposição à radiação emitida por eles. As conclusões, que constituem um duro golpe contra os fabricantes de celulares, foram divulgadas hoje por especialistas em câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a "Reuters", um grupo de trabalho de 31 cientistas de 14 países se encontrou na Agência Internacional da OMS para Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês) e revelou que todas as evidências científicas disponíveis até o momento sugerem que o uso de celulares deveria ser classificado como "possivelmente carcinogênico".

De acordo com os cientistas da IARC, tal classificação pode levar o comitê de saúde das Nações Unidas a rever suas recomendações para telefones móveis, mas os estudiosos reconhecem que ainda será necessária uma pesquisa mais aprofundada e de longo prazo antes que um parecer definitivo possa ser dado.

A OMS já tinha anteriormente declarado não haver evidência de vínculo entre câncer e uso de celulares. No entanto, após a recente mudança de postura, a entidade classifica o uso de telefones móveis na mesma categoria que chumbo, clorofórmio e fumaça de exaustão de veículos em termos de risco de câncer.

A grande dificuldade para configurar com exatidão uma relação de causa e efeito na questão da radiação dos celulares é que, como outros fatores ambientais, as características do risco à saúde requerem décadas de exposição antes que se possa examinar as consequências de forma inequívoca.

Conforme o site da "CNN", a radiação nefasta dos celulares é do tipo não-ionizante, menos perigosa que a de uma máquina de Raio X, mas semelhante à de um forno de micro-ondas em baixa potência. O efeito compara-se ao de cozinhar o cérebro do usuário. E, com isso, além dos efeitos maléficos do desenvolvimento de câncer e tumores, vários outros podem ocorrer, já que o local onde se segura um celular contra a cabeça coincide com o lobo temporal, onde se situa a memória no cérebro humano.

A Agência Ambiental Europeia vem pressionando entidades e governos para que realizem mais pesquisas sobre o assunto, afirmando que celulares podem representar um risco à saúde pública tão grave quanto cigarros, amianto e gasolina com chumbo.

Os resultados da maior pesquisa internacional sobre celulares e câncer foram divulgados em 2010, após serem estudados indivíduos que usaram esses aparelhos durante mais de dez anos. Nessas pessoas notou-se que dobrou o risco de glioma cerebral, um tipo de tumor.

Ainda não existem estudos com crianças, mas como seus crânios são menores e seu couro cabeludo menos espesso, a radiação pode penetrar mais profundamente no cérebro de infantes e jovens adultos. Uma vez que a velocidade de divisão celular nesse grupo de pessoas é mais alta, o impacto da radiação dos celulares é bem maior.

Preventivamente, o manual de segurança do iPhone 4, da Apple, recomenda usá-lo a pelo menos 15mm do corpo ao se falar ao aparelho. No manual do Blackberry Bold essa distância aumenta para 25mm. Ou seja, ou o usuário adota permanentemente fones de ouvido, ou seu interlocutor terá que berrar para ser ouvido.

Fonte: O Globo