Autorizada pelo MEC através da Portaria SESU/MEC Nº 337/2011, a Faculdade Asces, confirma seu pioneirismo e implanta um curso inédito para o interior do Agreste, o de Licenciatura em Educação Física. A professora e coordenadora do curso, Roberta de Granville, comenta sobre esse feito inédito, os benefícios para os bacharéis em Educação Física do interior do Estado e a importância para a Instituição.

Os bacharéis em Educação Física já podem conferir o edital para o processo seletivo no Portal Asces, clique aqui. As inscrições serão feitas de 21 a 24/02, ao valor de R$ 90,00. As matrículas acontecerão de 02 a 04/03 e as aulas para a primeira turma terão início no dia 14/03. Ao todo são 50 vagas para a primeira entrada no turno noturno.

Portal Asces – Resuma a sua experiência profissional e atuação na Asces.

Roberta de Granville – Sou graduada em Educação Física desde 1998 pela Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco (ESEF/UPE), na época, o curso era chamado de Licenciatura Plena em Educação Física. Imediatamente, nessa mesma instituição, no ano de 1999 iniciei o Curso de Especialização em Educação Física Escolar, o qual conclui em Janeiro de 2000. Paralelamente aos dois cursos, eu já era professora de Educação Física escolar na Educação Básica. Trabalhei no período de cerca de quatro anos em escolas da Rede Privada e Pública na Região Metropolitana do Recife. No ano de 2001 ingressei no Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, na mesma instituição, fui Professora Substituta entre os anos de 2002 e 2004 ministrando as Disciplinas Prática de Ensino e Estágio Supervisionado I e Prática de Ensino e Estágio Supervisionado II no curso de Licenciatura Plena em Educação Física. Em 2004 ingressei como Docente nas disciplinas de Ginástica e Educação Física Escolar I e II na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) e em 2005 ingressei como docente na disciplina de Teoria e Metodologia da Dança na Faculdade ASCES. Aqui na ASCES, além das atividades de docência no curso de Bacharelado em Educação Física, atuo desde 2006 como coordenadora da Comissão Própria de Avaliação (CPA). Coordeno desde 2007 do Projeto de Apoio à Aprendizagem (PROJAP), além do Grupo de Estudos Pedagógicos de Professores entre os anos de 2007 e 2009 e do Programa de Atendimento ao Discente (Pró-Discente).

Portal Asces – Qual é a principal diferença entre o Bacharelado e a Licenciatura em Educação Física?

Roberta de Granville – São dois cursos diferentes no que se refere à formação, embora apresente disciplinas em comum. O de Bacharelado forma o Profissional de Educação Física que irá atuar na área fora do ambiente escolar como academias, clubes, clubes esportivos, Nasf e PSFs. Já o de Licenciatura forma o Professor de Educação Física que, além de atuar como professor do COMPONENTE CURRICULAR Educação Física na escola, também pode atuar com o treinamento escolar. Existem outras questões que diferenciam os dois cursos de ordem epistemológica e também de ordem política que estiveram influenciando a transformação da antiga Licenciatura Plena em dois cursos diferentes. Contudo, essa é uma questão que não cabe falar agora, pois o debate sobre esse assunte tende a ser acirrado e longo. Basta, em linhas gerais, entendermos essa diferenciação acima, pois é o que está posto.

Portal Asces – Desde a década de 1980 a área da Educação Física vem sofrendo com constantes mudanças, as principais relacionadas ao perfil da grade curricular da formação profissional. Atualmente, o que as Instituições estão oferecendo realmente atende ao que a comunidade precisa?

Roberta de Granville – Desde a década de 80 a área de conhecimento da Educação Física vem, com base em debates de vários grupos, se modificando. Principalmente se considerarmos o aparato legal que envolvia a área anteriormente a essa época. Estávamos fortemente marcados por uma Educação Física alienadora advinda das influências do período da Ditadura Militar. Apontamos a década de 80 como um período de grandes transformações filosóficas como conseqüência desses debates na esfera da ciência e da política no Brasil. Em termos de Educação Física na escola estávamos regidos pelo decreto 69450/71 o qual considerava a Educação Física como Atividade Curricular obrigatória na Educação Básica. Após alguns anos com a LDB atual (9394/96) a Educação Física passa a ser considerada como Componente Curricular.Atividade é um aspecto sem uma sistematização curricular diferentemente de Componente o qual compõe o currículo. Com essas e outras transformações, os currículos, também no Ensino Superior, sofreram modificações justamente para atender e levar os futuros professores a entenderem essas mudanças. Aliás esse é o nosso grande desafio: levar essa geração de futuros Professores de Educação Física a compreenderem o que significa uma área de conhecimento ser considerada como componente curricular na escola. Essas transformações já estavam presentes nas primeiras mudanças curriculares na década de 90 no antigo Curso de Licenciatura Plena em Educação Física e se modificou de forma mais veemente na criação dos dois novos cursos (Licenciatura e Bacharelado).
Podemos dizer em termos qualitativos que as instituições estão sim oferecendo, de uma forma geral o que a comunidade precisa, mas a demanda é grande. Precisamos de mais professores em nosso país, em nosso estado e em nossa região. Precisamos de um incentivo que leve ao futuro professor a consciência do que é ser professor num mundo com tantas desigualdades e com um fosso social tamanho. Esses futuros professores devem se formar num curso que os levem a terem consciência de que ser professor em nosso país vale à pena e é necessário apesar das dificuldades. Acreditamos que o que falte em muitos dos cursos de Licenciatura oferecidos hoje seja essa clareza. Além disso, cada vez mais estamos verificando de uns tempos para agora uma diminuição da procura dos estudantes por cursos de licenciaturas e um aumento gritante da necessidade das escolas de professores. Essa será uma de nossas metas: ajudar o nosso estudante a perceber que ser professor vale à pena em nosso país.

Portal Asces – A recém implantada Licenciatura em Educação Física na Asces vem para atender a qual demanda?

Roberta de Granville – primeiramente para atender à demanda dos Bacharéis em Educação Física que desejam e necessitam também ter a Licenciatura e posteriormente, para o estudante que deseja ser professor de Educação Física da Educação Básica de uma forma geral.

Portal Asces –
Qual o diferencial desta licenciatura na Asces?

Roberta de Granville –
É o único curso de Licenciatura em Educação Física da região do Agreste de Pernambuco. Ele pode ser concluído em dois anos ou até um ano e meio se o estudante for um egresso nosso do Bacharelado. Para os demais perfis de estudantes, estes poderão concluir em até três anos. Um diferencial é que iremos contar com toda a infra-estrutura que já temos do Bacharelado. E como o Bacharelado já funciona desde 2004, temos já a experiência bem estruturada de tudo o que o curso irá precisar em termos de recursos materiais. Em relação ao corpo docente, a maioria dos nossos professores do Bacharelado é formada na antiga Licenciatura Plena e muitos deles têm Mestrado em Educação, além da experiência na Educação Básica. O mais importante de tudo é a matriz curricular do curso, a qual foi montada e estruturada a partir de uma logicidade que leve o futuro professor de Educação Física a realmente compreender a legitimidade do componente curricular Educação Física no currículo escolar e construa uma prática pedagógica pautada na perspectiva crítica onde a escola (sua organização e suas problemáticas) seja a realidade estudada.

Portal Asces – Qual é o tipo de estrutura física o estudante encontrará e como ele poderá tirar proveito dela?

Roberta de Granville –
A mesma excelente estrutura física do nosso Bacharelado, além da ampliação do acervo de livros atuais que venha a atender a demanda do curso e da estrutura curricular tratada acima.
Portal Asces – O quê, de maneira geral, define um excelente profissional nesta área?
Roberta de Granville – Ter a consciência do que é ser professor. Tem a compreensão e o compromisso de que a formação inicial é extremamente importante, mas que a formação continuada é imprescindível para uma prática pedagógica crítica e realmente comprometida com uma escola de qualidade para todos. Investir na sua didática enquanto futuros professores estudando, lecionando e também ter a consciência de que os processos de ensinar e aprender parte da relação entre docentes, estudantes e os conhecimentos específicos e técnicos articulados aos pedagógicos.

Portal Asces – Quais são as suas expectativas em relação à coordenação do curso, visto que esta será a primeira Licenciatura oferecida pela Asces nesses quase 52 anos de fundação.

Roberta de Granville – Vejo essa expectativa como a realização de um sonho, não apenas pessoal, mas social. Ainda mais quando se trata do primeiro curso de Licenciatura da ASCES. Isso é um marco histórico na nossa instituição. Meu maior objetivo é contribuir para a formação de profissionais dentro da Missão Institucional da Faculdade ASCES (“formar profissionais cuja capacitação científica, tecnológica, ética e humanística, assegure envolvimento, comprometimento e efetiva contribuição para o desenvolvimento da sociedade”). Vejo na Licenciatura uma oportunidade de formação para a efetiva contribuição para o desenvolvimento da sociedade enquanto um curso que irá formar professores para uma região tão carente dessa profissão. A cada turma formada irei sentir como se a Faculdade ASCES, seu corpo docente e eu, enquanto parte dele, estivéssemos “presenteando” a sociedade com professores de qualidade e, ao mesmo tempo, recebendo um presente dessa sociedade ao acolher esses professores formados por nós. Vejo nesse curso também uma oportunidade da Faculdade ASCES e de toda a sua comunidade interna refletir acerca da importância de um curso de Licenciatura em nosso país, mais especificamente em nossa região. Formação de professores significa literalmente e incontestavelmente “cuidar de um presente para construir um futuro melhor, mais humano e mais crítico”, não apenas sob o ponto de vista pessoal de nossos estudantes, mas também sob o ponto de vista social.

Portal Asces –
O quê mais contribuiu para o MEC autorizar a Licenciatura de Educação Física na Asces?

Roberta de Granville –
Vejo essa contribuição de duas formas. Primeiro porque o MEC entende a necessidade da formação de professores de Educação Física. Existe uma demanda de formação de professores nessa área em nossa região. Verificamos constantemente, inclusive, professores de outras áreas ministrando aulas de Educação Física por conta da escassa existência dos mesmos. Da mesma forma, também aponto a importância de a Faculdade ASCES já ter a estrutura física necessária ao curso por conta de já oferecer o Bacharelado desde o ano de 2004 contando com sete turmas formadas desde então. O investimento maior será na aquisição dos livros e os recursos humanos necessários.

Portal Asces –
O que representa para Faculdade e Caruaru a implantação dessa Licenciatura?

Roberta de Granville – Como falei anteriormente, é o primeiro e único, até agora, curso de Licenciatura em Educação Física do Agreste. Representa um marco histórico para faculdade da mesma forma que mencionei acima. Para a cidade de Caruaru e de todo o Agreste representa a formação inicial de professores de Educação Física para ocupar politicamente um espaço que vem sendo ocupado por profissionais e professores sem a formação adequada. Isso implica em mais qualidade para a Educação Básica no Agreste e para o estado de uma forma geral. Estaremos formando o professor que irá ter as qualificações necessárias para o ensino da Educação Física nas escolas numa perspectiva que venha realmente a contribuir para que os estudantes da Educação Básica concluam o Ensino Médio com conhecimentos construídos na área de Educação Física.