A explosão dos casos de dengue pelo país – 936.260 até agora, contra 480.919 notificados em todo o ano passado – levou o Ministério da Saúde a revisar os resultados do Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa). Entre 370 municípios pesquisados, 24 correm risco de surto, dos quais dois são capitais (Rio Branco, no Acre, e Porto Velho, em Rondônia) e 17 estão no Nordeste. Essas cidades foram classificadas dessa maneira por apresentarem presença de larvas do mosquito em mais de 4% das residências visitadas. Uma outra relação listou as 14 capitais em situação de alerta. Apesar da incidência da doença ter subido de 25 para 576 por 100 mil habitantes, entre 2009 e 2010.

Entre os estados nordestinos, Pernambuco é o que mais aparece na lista dos 24 municípios que correm risco de surto, com 10 menções, ou 40% do total. Gerente de prevenção e controle de zoonoses da Secretaria de Saúde pernambucana, Nara Arruda ressalta que as notificações subiram 603% em 2010, comparando com o mesmo período de 2009. Foram 53.450 casos até agora, dos quais quase 60% tendo como vítimas pessoas de até 14 anos.

Para Nara, a incidência em jovens tem relação com o reaparecimento do vírus tipo 1 no estado, que desde 2002 não havia sido detectado. “Então são pessoas que, além de problemas de imunidade, estão muito expostas ao sorotipo viral com o qual nunca tiveram contato e contra o qual não têm resistência”, afirma Nara. Outro problema de ter crianças doentes, especialmente as pequenas, é a demora no diagnóstico. “Bebês passam por um monte de viroses, então os pais demoram a imaginar que pode ser dengue”, afirma Nara.

Apesar dos números altos da doença, Pernambuco registrou sete óbitos até agora. Mas há 29 mortes em fase de investigação, feita em um laboratório no Pará, por meio de um diagnóstico de vísceras. No entanto, apenas com os dados já confirmados, Nara considera alta a letalidade, cerca de 2,2%, em relação à quantidade de casos. “O ideal é que não passe de 1%”, explica a gerente.

Brasília aparece, no estudo do governo federal, com índice satisfatório, ao lado de 24 municípios. O vizinho Goiás, entretanto, vive uma situação dramática, em terceiro lugar no número de mortos e quarto no de casos. “É a maior epidemia de todos os tempos aqui no estado”, reconhece Elizabeth Silva Oliveira Araújo, superintendente de política de atenção integral à saúde da Secretaria de Saúde de Goiás.

Fonte: Pernambuco.com