Dados do Observatório do Livro e da Leitura indicam que pelo menos 3% dos leitores brasileiros são adeptos de mídias digitais. O número corresponde a 4,7 milhões entre os 95 milhões das pessoas que têm o hábito de ler. Segundo a entidade, a tecnologia pode representar a democratização da leitura, porém o mercado ainda mostra-se receoso.

"O livro digital pode trazer uma contribuição formidável para a sociedade na medida em que o livro se torne mais acessível às massas", explicou o diretor do Observatório do Livro e da Leitura, Galeno Amorim durante o encerramento do 1º Congresso Internacional de do Livro Digital no Brasil, realizado em São Paulo.

Segundo ele, no Brasil 77 milhões de pessoas não têm o hábito de ler livros por razões econômicas e sociais. "É importante ressaltar que o livro digital é uma oportunidade tanto para os ricos quanto para os pobres: se por um lado vamos democratizar o livro para todas as classes, também vamos disponibilizar títulos que não estão mais disponíveis no mercado."

No momento, a nova tecnologia ainda desperta incertezas no mercado. O gerente de Comunicação e Serviços da Câmara Brasileira de Livros (CBL), Nilson Hashizumi, disse que mesmo com o crescimento deste setor (em 2009 foram vendidos 333 milhões de exemplares, representando um volume de R$ 3,3 bilhões) os editores de livros estão receosos sobre o futuro da leitura digital.

"De um modo geral, os editores temem que com o mercado de livros aconteça o mesmo que ocorreu com o mercado fonográfico", disse Hashizumi. Para Galeno, o livro digital "traz riscos, mas também oportunidades de negócios". "A crise econômica ajudou os livros digitais na Califórnia, por exemplo: o governo decidiu só comprar livro digital para economizar", disse.

Galeno explicou que o comércio digital não se resume às livrarias. "As bibliotecas também serão digitalizadas e estes espaços tendem a se tornar centros de cultura. Este novo advento não significa que será o fim do livro em papel".