Milhares de ativistas do FSM (Fórum Social Mundial) expressaram durante uma marcha pelas ruas de Porto Alegra sua solidariedade às vítimas do terremoto que atingiu o Haiti no último dia 12 e exigiram que sejam enviados mais médicos e alimentos, além do fim da "ocupação militar".

Como é comum nas manifestações do FSM, também houve mensagens de solidariedade ao povo palestino e a favor dos direitos das mulheres e dos homossexuais, assim como gritos contra as "políticas imperialistas" dos Estados Unidos.
À frente do cortejo, um grupo de representantes de religiões de matriz africana abria caminho para a romaria de centrais sindicais, partidos, estudantes, ambientalistas, representantes do movimento negro, da comunidade GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), de defesa da causa palestina e até manifestantes pedindo o impeachment da governadora Yeda Crusius.

Entre as bandeiras e faixas espalhadas pelo caminho, palavras de ordem contra o neoliberalismo, reivindicações sindicais e defesa da soberania na exploração do petróleo da camada pré-sal. Carregando uma grande faixa vermelha, o representante da Marcha da Maconha, Laurence Gonçalves, aproveitou a caminhada para defender o "controle público do uso das drogas". Com a revisão da legislação dentro e fora do Brasil.

Entre os novos hippies da comunidade alternativa Aldeia da Paz, um homem coberto de lama chamava a atenção. "É a expressão da nossa relação de amor com a mãe terra", disse uma das integrantes do movimento.
A deputada federal Luciana Genro (P-SOL) comemorou a volta do FSM a Porto Alegre, cidade onde foi criado em 2001, e defendeu mais articulação entre as diversas organizações e movimentos sociais que participam do evento.

Tão eclética quanto a passeata, a trilha sonora da marcha foi do pagode e axé music, tocada no trio elétrico da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), aos tambores das religiões de matriz africana.

O contraponto da marcha foi a concentração de anarquistas do movimento punk no final da manifestação. Com os rostos cobertos, defendendo a "autonomia", os participantes questionaram o financiamento de organizações da sociedade e movimentos sociais com dinheiro de multinacionais. "O Fórum perdeu seu caráter combativo e sua autonomia. Um outro mundo não será possível financiado por empresas estrangeiras", afirmou a professora da Daniela Dias.

As atividades do FSM em Porto Alegre continuam amanhã, quando membros do movimento participarão de debates sobre as atuais conjunturas ecológica e econômica.

Além disso, amanhã Lula discursará em um ato que deve reunir milhares de ativistas, quando apresentará uma
retrospectiva dos sete anos de seu governo. Lula foi um dos incentivadores do Fórum Social, e amanhã participa pela última vez do evento como presidente.

De Porto Alegre, Lula viajará para a localidade suíça de Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, antítese do Fórum Social, e vai receber o prêmio de "Estadista Global".

Fonte: Folha Online