Confira a entrevista com a pesquisadora do Instituto de Pesquisa de Células Tronco
Durante os dias 29 e 31 de maio, a Asces promoveu o Congresso de Biomedicina e Farmácia do Agreste de Pernambuco, CBF 2008. O evento contou com a participação de mais de 700 integrantes, entre estudantes e profissionais das áreas. Marcaram presença palestrantes renomados de vários estados do país. A palestra de abertura foi ministrada pela pesquisadora Lílian Piñero Eça, do Instituto de Pesquisa de Células Tronco (IPCTRON) – SP, que abordou o tema Células-Tronco e bioética. O Portal Asces entrevistou a pesquisadora. Confira:
Portal Asces – O Brasil se mostra uma grande potência em pesquisas nas áreas de Biotecnologia e células-tronco?
Lílian Pinheiro – Diria que somos pioneiros mundiais em ciência e em ética. Vários de nossos pesquisadores já estão colocando células-tronco adulta de tecidos de medula, de tecido gorduroso, da poupa dentária, e também do cordão umbilical em várias doenças em pacientes brasileiros nos deixando na vanguarda da ciência.
Portal Asces – Após a polêmica da utilização das células-tronco embrionárias, qual será o futuro das pesquisas?
Lílian Pinheiro – O futuro será estudar a epigenética. Que seria a ciência que estuda os fatores do micro-ambiente celular. É isso que nós pesquisadores devemos nos preocupar. As discussões sobre as Células-tronco vão passar e o foco deverá ser a epigenética.
Portal Asces – Quais as realidades mais próximas para a utilização das células-tronco?
Lílian Pinheiro – Nós já sabemos que o fator IGF-1 é estimulado quando fazemos exercícios físicos todos os dias, realizando a produção de novas células do cérebro, regenerando o tecido. Isso é uma epigenética. Outra epigenética que já é trabalhada é o fator Timosina Beta4 que quando colocado nos corações de pacientes, ele regenera suas células após enfartos. Tudo isso foi descoberto com a utilização da célula tronco adulta.
Portal Asces – O que a senhora acha da discussão formada em torno do artigo 5º da Lei de Biossegurança?
Lílian Pinheiro – Sei que os ministros do Supremo não têm culpa. Porque quem leva para eles essas informações são pesquisadores, não do nosso grupo. No entanto, eu adoraria ver os ministros e o Supremo Tribunal Federal, do nosso país, preocupados em passar dois dias discutindo como colocar o tratamento com células-tronco adultas no coração, na esclerose múltipla, nos pacientes diabéticos e nas lesões de medula. Temos que deixar de discussões e colocar isso na prática, eu acho que faríamos muito melhor do que perdemos tempo com embriões que só causam teratomas e rejeições, no momento, no mundo.
Portal Asces – Qual é sua impressão do Congresso de Biomedicina e Farmácia?
Lílian Pinheiro – Gostaria de deixar claro em elogiar a iniciativa. Digo isso porque as escolas particulares lá da minha cidade, a grande São Paulo, têm uma dificuldade grande de reunir tantos alunos como eu vi aqui no Agreste de Pernambuco. Gostaria de agradecer também toda a diretoria da Asces por saber que eles se preocupam com pesquisa, e isso não é o que está acontecendo nas escolas particulares do restante do país. Estão de parabéns.