Dados da Organização Mundial da Saúde apontam o Brasil como um dos países campeões em partos cesarianos sem necessidade. Ainda de acordo com o relatório da OMS, os bebês nascidos através de cesarianas apresentam duas vezes mais problemas respiratórios e precisam ser levados às unidades de terapia intensiva em freqüência duas vezes maior do que os que nasceram de parto normal.

Para a OMS, é aceitável o índice entre 10% a 15% dos nascimentos por cesarianas. No Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar, 79% dos partos na medicina privada são cesarianas, já no serviço público esse número é de 27%.

A pesquisa publicada na revista norueguesa "Journal of Obstetrics and Gynecology", acompanhou mais de 18 mil nascimentos, em um período de seis meses, em 24 unidades de saúde daquele país.

Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a outubro de 2007, o Sistema Único de Saúde registrou 559.501 cesarianas, 46% de todos os partos do período, considerando-se três vezes o índice ideal.

Em relatório encaminhado à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a equipe da Fiocruz, que trabalhou em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, constatou que, embora 70% das gestantes não tenham manifestado preferência pela cesariana no início da gravidez, 90% delas tiveram esse tipo de parto.

Em muitos casos, a cesariana foi feita sem tentativa de parto normal e apenas 8% das mulheres submetidas ao parto operatório haviam entrado em trabalho de parto.