Poesia e Literatura do Cordel usados em trabalhos acadêmicos
Seu primeiro trabalho em Cordel foi ‘O pobre na Eleição’, escrito em 1987, enquanto cursava a graduação em letras. Atualmente cursando Direito, o aluno Paulo Tarciso Freire, 43 anos, tem mais de 40 folhetos de cordéis escritos e oito deles publicados. Sua história mais recente foi a interpretação para o cordel da greve do judiciário que ocorreu no mês de agosto. E quem acha que a Literatura de Cordel só conta histórias está enganado.
Cursando o oitavo período de Direito na Associação Caruaruense de Ensino Superior, Paulo Tarciso encontrou uma maneira interessante de conciliar trabalhos acadêmicos, produção científica e cultura. A interpretação para o Cordel de um dos maiores clássicos da literatura política da história, o livro‘O Príncipe’ de Nicolau Maquiavel, rendeu ao discente reconhecimento de professores e amigos. “Ao longo dos quatro anos do curso eu já apresentei trabalhos em cordel em quase todas as disciplinas: Direito Penal, Direito Civil, Teoria Geral do Processo, Processo Penal, Direito Processual Penal, Direito econômico, entre outras”, lembrou.
Mesmo tendo publicado algumas obras, o cordelista garante que o trabalho não apresenta fins lucrativos. “Estou dando palestras em escolas e me dedicando exclusivamente a valorização da cultura e da arte. Não faço como profissão. Faço apenas como complemento nos meus estudos”, declarou. Atualmente, Paulo Tarciso está preparado o cordel intitulado ‘A Agonia do Tio Juca’, em parceria com os professores Clarissa Marques e Carlos Brito do curso de Direito da Asces.
Natural de Buíque, o poeta conheceu as histórias de cordel nas feiras livres com os idosos declamando e cantando os cordéis. As xilogravuras (desenhos utilizados nas capas do cordel) usadas na publicação são do Mestre Dila. “Acredito que a Literatura de cordel sofra uma grande discriminalização enquanto arte. Embora o que realmente falte é mais apoio financeiro de órgãos relacionados à cultura. Se mais pessoas passassem a conhecer e valorizar a arte como tal, o cordel poderia voltar a ter repercussão como tinha em outras épocas.