Um caso de transplante de tecido de ovário dá início à revolução na ciência. Após se tornar estéril devido ao tratamento de radioterapia, uma mulher na Bélgica, voltou a ser fértil depois de passar por um transplante de tecido do ovário fornecido por sua irmã. O anúncio foi dado pelo ginecologista belga Jacques Donnez.

"Até hoje, mais de um ano depois do transplante, a paciente continua tendo seus períodos menstruais de forma regular. A função de seus ovários foi restaurada, assim como suas chances de conceber naturalmente", informou o médico através de um comunicado. Jacques Donnez é chefe do setor de ginecologia e andrologia da clínica Saint-Luc, em Bruxelas.

A paciente recebeu tecido do ovário doado por uma irmã, que mesmo não sendo gêmea, foi considerada compatível do ponto de vista leucocitário da receptora.

Em 2005, o médico americano Sherman Silber, do hospital Saint Luke de Saint-Louis (Missouri), havia publicado resultados de transplantes de tecidos de ovário entre irmãs gêmeas idênticas, o que elimina os riscos de rejeição.

"Não houve rejeição ao transplante, apesar da ausência de um tratamento imunossupressor. Seis meses mais tarde, voltaram todas as funções normais (secreções de hormônios)", explicou o professor Donnez.

O anúncio foi objeto de uma publicação prévia na revista científica Human Reproduction.

A equipe do professor Donnez, ligada à Universidade Católica de Lovaina (UCL), já tinha conseguido um feito inédito em 2004 com o nascimento de Tamara, primeiro bebê gerado com o transplante de tecido de ovário retirado por precaução de sua mãe e congelado antes que a mulher fosse submetida a uma quimioterapia.