V Jornada Mastológica de Caruaru
Esta Jornada Mastológica de Caruaru tem por objetivo primordial realizar o encontro de profissionais da medicina que lidam com uma de suas mais importantes especialidades. Aqui estamos para uma troca de ideias, para uma interação de conhecimentos, para a identificação de novas experiências e a permuta de processos e técnicas operatórias, resultantes do saber e da capacidade profissional de cada um dos participantes; aqui estamos para numa identidade igualitária, onde são colocados às margens os graus acadêmicos, para nos identificarmos como profissionais atuantes no campo da ciência médica.
Imbuídos com esse espírito de estudos, faremos a permuta de experiências próprias em um trabalho conjunto, uma vez que, aqui, contamos com colegas do melhor nível profissional.
A SBM que tem a missão precípua, no seu regulamento estatutário, de promover esses encontros, sente-se muito à vontade de adentrar a determinadas cidades do interior para a concretização dos seus objetivos.
Acima de tudo, nós mastologistas, que sempre vivenciamos um quadro humano de preocupações, dissabores, dores e tristezas, sofremos, algumas ocasiões, o impacto dessas emoções, especialmente quando se trata de pacientes: pessoas amigas ou parentes.
Cuidamos, caros colegas, de um mal que atinge à mulher em uma parte visual do seu corpo, símbolo da beleza, magnificamente reproduzida nos afrescos de Miguel Angelo. É, mundialmente conhecida, o busto da Venus de Milo, com seus braços cortados, mas com a formosura de seios bem delineados, de aspectos rígidos e de tamanhos proporcionais e arredondados. Quem já foi ao Louvre, com essa formosura esculpida pela mão humana, com já ela se deparou. Na verdade, as deformações produzidas por um câncer em tal região, pode levar a mulher a um desespero total de ordem psicológica, demandando cuidados especiais. Se buscarmos as estatísticas, vamos nos defrontar com quadros preocupantes. Hoje, 15% das mulheres, com menos de 45 anos, são vítimas da doença. Se nos anos 70, 80% dos diagnósticos eram tardios, com a sobrevivência de 40% das mulheres, na atualidade isso não acontece. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer, estão registrados no ano em curso, cerca de 49 mil novos casos. Em suas recomendações sobre a doença, o INC pede maiores cuidados com mulheres a partir dos 40 anos, com histórico da doença na família e módulos nos seios. Essa é uma doença que parece crescer com o próprio desenvolvimento da humanidade, pois, na atualidade, registram os órgãos oficiais mais de um milhão de casos em todo mundo. Nenhum estudo científico constata, com precisão, as causas verdadeiras da origem do câncer. Sabe-se, entretanto, que determinados fatores concorrem para a sua incidência: a idade, a alimentação, a genética e a qualidade de vida. Chegará, obviamente, o dia em que, nós médicos, sairemos vitoriosos dessa batalha. Quando a neurociência postar-se em um trabalho laboratorial, com a utilização das recentes descobertas da força do genoma, teremos, indubitavelmente, uma nova aurora boreal. Se os dólares, libras, rublos, yens, euros desperdiçados com a tecnologia de armas e de guerras, fossem aplicados na busca da cura do câncer, já teríamos alcançados patamares muito mais elevados no combate à doença. Indubitavelmente, teríamos uma outra realidade do estágio em que nos encontramos. Se, na verdade, o que sabem e conhecem determinadas organizações, como O Instituto Nacional de Tumores de Milão, o GUY’s Hospital de Londres e a American Society of Clinical Oncology e tantos outros nos repassassem, na íntegra, os seus conhecimentos, descobertas e novas experiências, a nossa realidade seria outra. Certo é que nenhum deles deu, ainda, seu grito de : ‘EUREKA’.
Indiscutível é que, sem sobra de dúvidas, nossas estatísticas são precárias, especificamente no setor governamental. É notória a fragilidade da área pública no combate ao câncer, que está muito aquém de nossas reais necessidades. Há dificuldades na realização de mamografias através do SUS. Assim, a população pobre, dada a precariedade da saúde pública, tem limitado acesso ao tratamento e diagnóstico do maléfico tumor. Sabemos, todavia, da necessidade da mamografia como meio auxiliar para o diagnóstico de um câncer de mama. A mamografia revela alterações tão pequenas como a ponta de um alfinete, o que permite que a doença seja diagnosticada até dois anos antes do tumor ser palpável.
Vale a pena que se mencione o livro Mastologia Moderna Abordagem Multidisciplinar de autoria de Ricardo Antônio Boff e Francisco Wisintainer. A obra, por sua característica multidisciplinar, constitui uma coletânea de vários autores, com destaque para o oncologista inglês Robert Coleman. Os autores provêm da região Sul, podendo-se, inclusive, destacar, que as regiões Sul e Sudeste, despontam como as áreas do País mais atingidas por essa doença tão perniciosa. Revelam os autores alguns métodos de tratamento do câncer, em consonância com uma nanotecnologia de ponta. Embora a mastologia se caracterize como uma especialidade recente, a cada dia novas conquistas aumentam a parcela positiva das inovações, formas de tratamento e medicamentos de combate à doença. A partir do constante aperfeiçoamento do desenvolvimento tecnológico como a mamografia, a ressonância magnética e as diferentes e necessárias modalidades cirúrgicas, o especialista desse campo médico tudo faz para evitar o estigma da mutilação, talvez a etapa mais traumática para as pacientes portadoras do câncer de mama. Quase sempre um bom diagnóstico, a utilização de técnicas de oncoplastia e reconstrução mamária imediata ou tardia, com ou sem o uso de implantes, conseguem bons resultados. Além de tudo isso, pode-se, por meio da cirurgia adjuvante (radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia), associada ao uso das mais recentes drogas, prolongar a sobrevida das pacientes afetadas.
Resta, tão simples e humanamente, a nós mastologistas, sabermos conviver, no dia a dia, com o sofrimento alheio, dando nossa imprescindível contribuição para o bem da humanidade. E sempre que virarmos a folha do calendário, chegando o dia 5 de fevereiro, comemorarmos o nosso dia, fazendo uma prece ao Deus Onipotente.