Dona Creuza: Morre aos 89 anos funcionária mais antiga em atividade da Asces-Unita
É com muito pesar que a Asces-Unita comunica o falecimento de Maria Creuza da Silva, aos 89 anos. Dona Creuza foi internada na quarta (03/06), em Caruaru, com problemas respiratórios e fora transferida para o Recife na última sexta-feira (05/06) para um dos hospitais de campanha na Capital do Estado para tratamento da Covid-19. Apesar do estado de saúde considerado estável, ela não resistiu e veio a óbito na madrugada desta terça (09/06).
Funcionária mais antiga em atividade na Asces-Unita, há 61 anos, Dona Creuza era um forte exemplo de dedicação e amor ao trabalho. Era no setor de Odontologia que todos a encontravam, diariamente, cumprindo horário e focada na missão de preservar a memória da Instituição.
De personalidade forte, Dona Creuza fez história na Asces-Unita. Ela deixa dois filhos e quatro netos, além de uma centena de amigos de trabalho e ex-alunos que tiveram a oportunidade de conviver com ela.
Em nome da Asces-Unita ficam as homenagens de respeito e admiração por tamanha dedicação.
Biografia (Por Renato Cabral)
Biografia de Creuza, por ela mesma, consolidação ipse literis, do que ela me entregou manuscrito em março de 2.020:
“ Nasci na cidade de São Caitano, na fazenda Boa Vista em 02 de setembro de 1930. Casei aos 16 anos, só fui mãe de um filho Vital, logo nos separamos. Dos meus filhos tenho quatro netos: Felipe, Diogo, Viviane e Vital Filho. (Adendo meu: Vital quando se separou foi morar no norte do País. Felipe e Diogo ficaram aqui e foram criados por Creuza e pela mãe, hoje Felipe é Dentista e Diogo, Advogado, ambos formados na ASCES) Todos herdaram o sobrenome Tabosa. A nossa aproximação com a família Tabosa veio do avô paterno e avó materna, amigos da juventude. A querida Eulália ( mãe de Tabosa de Almeida) e seu esposo (Ambrósio Florentino de Almeida) Doutor Tabosa e sua esposa (Gianina) madrinha do meu irmão mais novo. Aos 13 anos sai para trabalhar, apanhar café num sítio chamado Santo André, minha madrinha soube e foi me buscar.
Eu comecei a ensinar bordado, crochê e a costurar. Eu ficava mais tempo com minha madrinha do que na minha própria casa. Um dia tive muita alegria quando o senhor chamado João me deu dez tostões (moeda da época). Um certo dia Dr. Tabosa falou para mim: vamos na lida de Terra Vermelha. Eu vou fazer uma escola onde vai ter dentista e médico, foi quando fui trabalhar no Centro da Rua da Matriz (Centro de Assistência Social , em Caruaru, na Rua da Matriz). (…..) Dr. Tabosa e um Engenheiro chamado Menelau veio medir o terreno para construção da Faculdade. Aqui era um matagal, fazenda Maria Goreti e Gercino Tabosa.
Tinhas umas vacas que muitas raivas me fizeram. Quando ele viu u rapaz e perguntou : por quanto você limpa este terreno? O rapaz diz : trinta mil réis. Falei com meu pai e disse: para não me desmoralizar diante desta família. Assinei um documento para trabalhar no que fosse preciso para honrar a mim e ao Dr. Tabosa, eu limpei todo o mato. Tudo que chegava para a Faculdade para mim era uma alegria e tivemos vários diretores Dr. José Tabosa, Pinto Ferreira e vários. Renato Cabral, se formou num ano e no outro já era professor, ótimo diretor. Chegou Dr. Tabosa com uma equipe ( um equipo, consultório dentário), para a gene atender nos municípios. Um dia chega Dr. Darley, Giovanni, trazendo um retroprojetor e objetos para a Faculdade Primeira formatura, trabalhei muito, chorei muito. De última hora tive que fazer 6 becas,a Dr. Tabosa , uma balancinha. Através dele conheci muitas Faculdades e muita gente, fiz muito curso prático.
Conheci pessoas de nome e renomes, Desembargador, Governador, Presidente. Castelo Branco disse: vou levar essa garota para trabalhar comigo. Dr. Tabosa respondeu: ela é minha mão, meus pés e metade do meu coração. Sua esposa afirmou que sempre estaria ao lado dela. Todas as medalhas que ele ganhava no exterior ele me dava para guardar. O sonho dele era fazer um museu de coisas antigas (…) Agonia foi eu aprender a atender o primeiro telefone. (…) Amo esta escola, ela é a minha vida. Quisera eu trabalhar como já trabalhei.
Por aqui já passaram muitos diretores e vice-diretor. Esta Faculdade é abençoada por Deus e dirigida pelo Espírito Santo. Tudo está sob Sua Responsabilidade. De 14 de 2 de 1957 até hoje eu vivo tendo o mesmo cuidado. “ 10 de março de 2.020, Maria Creuza da Silva.