Estudantes de Serviço Social realizam visita à comunidade indígena
Um grupo de 17 estudantes do 1º, 3º, 5º e 7º períodos acompanhados de professores do curso de Serviço Social da Asces-Unita realizaram visita técnica a Aldeia Xucuru. A proposta da visita nasceu como resultado dos conteúdos trabalhados em sala de aula e das diversas iniciativas de aproximação com os dados da realidade, grupos e movimentos sociais que lutam por mudanças das determinações de desigualdade social.
A visita teve o objetivo de aproximar os/as estudantes da vivência do povo xucuru: sua história de lutas, conquistas, processos de organização, lutas atuais e modo de vida. Foi um momento rico de troca de conhecimentos que permitiu conhecer, trocar e enriquecer a visão a respeito de como vivem os índios atualmente no Brasil e, quais os desafios na relação com os demais grupos da sociedade como também, frente ao governo para acessar direitos e conquistas já garantidos por lei.
Costumes, lutas, modos e estratégias de organização, a vivência foi muito importante no sentido de estimular os/as estudantes a pensar em como é possível apoiar e fortalecer as lutas. Foi realizada visita ao espaço Mandarú na Aldeia Pedra da Água, local considerado sagrado para o povo Xucuru, visto ser o espaço onde o cacique Chicão está plantado. Visita a Aldeia Boa Vista – Coro Dantas – almoço e roda de diálogo com a participação do Coletivo de mulheres e com algumas outras lideranças, finalmente visita a casa de sementes e local de produção do grupo de mulheres
Roda de diálogo com o povo da Aldeia sobre temas como: modo de vida, história de lutas, desafios e conquistas sociais (direitos e políticas sociais). Rituais (cultura e religião), grupos produtivos da Aldeia. A refeição ofertada ao grupo foi preparada pelas mulheres da aldeia.
Povo Xucuru
Os Xucuru habitam um conjunto de montanhas, conhecido como Serra do Ororubá, no estado de Pernambuco. Os registros sobre esses índios datam do século XVI e desde então indicavam que a sua ocupação nessa região já sofria transformações devido aos violentos processos de expropriação de suas terras. Documentos relativos ao período colonial atestam essa invasão por parte dos portugueses e registram que a antiga Vila de Cimbres, hoje uma aldeia xucuru, foi palco de conflitos entre os Xucuru e os colonizadores. Muitas aldeias foram extintas e as terras logo registradas em nome de fazendeiros.
Desde muito tempo conflitos entre os Xucuru e os fazendeiros e políticos locais são constantes, mas sua intensificação se deu especialmente com o início do processo demarcatório de suas terras em 1989. O assassinato de um importante líder xucuru, de outros dois índios e de um procurador, no fim da década de 1990, foram tentativas de inibir o andamento do processo de regularização da Terra Xucuru, assim como os inúmeros processos jurídicos e administrativos que surgiram no caminho. A Terra Indígena somente foi homologada em 2001.
A crença na natureza sagrada é outra característica importante desse povo. É nos terreiros distribuídos nesse território que os rituais religiosos são realizados e constituem o espaço de contato com os caboclos e encantados. O toré se destaca nesse contexto como a principal manifestação do sistema cosmológico xukuru.