Atividade física melhora aprendizagem, saúde e bem-estar
Apesar de pesquisas já terem demonstrado que uma vida ativa pode melhorar o desempenho escolar e ampliar o repertório motor, 81% dos adolescentes e jovens entre 11 e 17 anos não praticam nem 60 minutos diários de atividade física. Diante dessa realidade, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil), com o apoio da Nike, divulgou um relatório que mostra o cenário da prática de atividades físicas e esportivas no país e apresenta o conceito de escolas ativas como um caminho para estimular o desenvolvimento integral dos estudantes.
No “Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional 2017 – Movimento é Vida: Atividades Físicas e Esportivas para Todas as Pessoas“, o conceito de escolas ativas é apresentado como uma perspectiva de desenvolvimento humano que reconhece o movimento como um elemento central para potencializar o aprendizado e uma vida plena.
“Uma Escola Ativa tem que fomentar e celebrar o movimento, considerar as necessidades diárias de atividade física, promover aprendizagens sobre atividades físicas e garantir a participação democrática da comunidade escolar”, defendeu Gabriel Vettorazzo, assistente de projetos do PNUD, durante apresentação do material no seminário Escolas Ativas, realizado no último mês em São Paulo.
De acordo com ele, a atividade física ainda não está presente na cultura escolar como um elemento central. “A educação física é vista como um componente secundário que pouco afeta o processo educacional”, menciona. No entanto, além da melhora do desempenho acadêmico, o assistente de projetos do PNUD diz que o movimento deve ser reconhecido com um sentido próprio. “A capacidade de se mover vai gerar um desenvolvimento para a pessoa, mesmo que seja fora da sala de aula.”
Entre os ganhos, além do desempenho cognitivo, o relatório aponta como a saúde de crianças e adolescentes é beneficiada pela prática de atividades físicas e esportivas, incluindo maior densidade óssea, redução de sintomas de depressão e ansiedade e bom funcionamento cardiovascular.
Diagnóstico das atividades físicas nas escolas
Apesar dos benefícios apontados, o estudo mostra que, ao invés de garantir liberdade para os estudantes, muitas escolas ainda atuam no controle do corpo. Entre os exemplos desse comportamento: a arquitetura dos espaços, o mobiliário, as técnicas corporais da educação física, a organização do cotidiano escolar e as regras de conduta.
“Na escola tradicional, o corpo é considerado como objeto, nada além de um suporte passivo para uma mente ativa. Essa concepção é hegemônica na escola e faz com que não haja disposição para acolher no seu cotidiano o valor intrínseco do mover-se expresso nas várias dimensões compreendidas nas atividades físicas (deslocamento, lazer e tempo livre, ocupacionais etc.)”, sugere o relatório.
Com base em dados do Censo Escolar, da Prova Brasil e da Pesquisa Nacional sobre Saúde do Escolar, que trazem variáveis ligadas à prática de atividades físicas e esportivas, o relatório ainda elaborou um diagnóstico para medir o quão ativas as escolas podem ser. Em um universo de mais de 200 mil instituições, apenas 0,55% delas são consideradas ativas no nível pleno e avançado, contando com iniciativas próprias que incluem diretrizes para promoção de atividades físicas e esportivas, oferta de atividades extracurriculares e abertura aos finais de semana para a comunidade.
No documento, também são apresentados programas internacionais de referência. Na Finlândia, por exemplo, o “Finish School on the Move” estabelece uma cultura fisicamente ativa nas escolas com o aumento de aulas semanais, métodos de aprendizagem ativa, possibilidade de movimento durante as aulas, intervalos mais longos com atividade física, troca de cadeiras por mobiliários que permitem o movimento e participação dos estudantes nas decisões e escolhas de atividades.
Experiências brasileiras
Com destaque para as práticas inovadoras brasileiras que atuam na promoção da atividade física no contexto escolar, o seminário Escolas Ativas apresentou diferentes iniciativas voltadas para a formação de educadores. Entre elas, o projeto “Portas Abertas para a Inclusão – educação física inclusiva”, desenvolvido pelo Instituto Rodrigo Mendes, com a parceira do UNICEF e da Fundação FC Barcelona.
A partir da formação de educadores de diferentes regiões do país, o programa busca incluir estudantes com deficiência por meio de práticas esportivas seguras. “A gente se propõe a pensar a inclusão dos alunos com deficiência através de um espaço comumente excludente, que é o da educação física”, diz Alexandre Moreira Santos, auxiliar de formação do Instituto Rodrigo Mendes.
No programa Geração Movimento, desenvolvido pelo Instituto Coca-Cola e pela Fundação Roberto Marinho, a formação de professores de redes públicas tem o objetivo de qualificar a educação física a partir de uma abordagem interdisciplinar e colaborativa. Na mesma linha, o Instituto Esporte & Educação atua em 11 estados brasileiros para sensibilizar educadores sobre a importância do movimento.
Entre as experiências, também ganhou destaque o projeto Escolas e Comunidades Ativas, desenvolvido pelo PNUD, com o apoio da Nike, que amplia o acesso a experiências positivas com atividade física, expande o repertório motor com o acesso a diferentes práticas e trabalha o desenvolvimento de competências.
Fonte: PORVIR