Projeto Águas do Agreste completa 8 anos de existência
Desde março de 2008 o projeto de extensão Águas do Agreste é realizado em Caruaru e região, uma iniciativa do curso de Biomedicina da IES e é coordenado pelo profº Agenor Jácome, doutor em química. A atuação do projeto se dá na análise e posterior orientação sobre a água e a merenda consumida em escolas públicas do agreste, além disso, também avalia as condições ambientais e higiênico sanitárias dos locais visitados. A ação intersetorial envolve a Faculdade Asces, Vigilância Sanitária, Secretarias Municipais de Educação e Saúde dos municípios do Agreste pernambucano.
Atuação do Águas do Agreste
Com a permissão da direção da escola visitada, os estudantes dos cursos de Biomedicina, Farmácia, Odontologia, Engenharia Ambiental, Nutrição e Engenharia de Produção colhem uma amostra de água e/ou alimentos utilizados na merenda escolar para analisar a presença do grupo coliformes e da bactéria Pseudomonasaeruginosa, com o compromisso de manter em sigilo a identidade da escola. Os laudos são entregues durante visita dos alunos, que promovem peças teatrais e distribuem panfletos educativos com esclarecimentos sobre os resultados obtidos, visando orientar e sugerir medidas preventivas e corretivas das contaminações observadas.
Ao longo destes últimos 8 anos o projeto já visitou mais de 150 escolas em todo o agreste pernambucano, de acordo com o coordenador Agenor Jácome “Percebe-se períodos de melhora e piora na qualidade da água fornecida, especialmente em períodos de estiagem. Quando iniciamos o estudo 70% das escolas visitadas tinham contaminação da água, no entanto esse índice baixou para 40%”.
A análise também atua na questão alimentar das escolas, após a pesquisa os resultados são enviados a escola como também identificadas situações de risco os mesmos são remetidos à vigilância sanitária, que atua enquanto agente fiscalizador.
"Percebe-se períodos de melhora e piora na qualidade da água fornecida, especialmente em períodos de estiagem. Quando iniciamos o estudo 70% das escolas visitadas tinham contaminação da água, no entanto esse índice baixou para 40%"
Ao longo de sua existência o Águas do Agreste, já teve em torno de 350 alunos pesquisadores. O fruto desse trabalho é constante, um deles é do egresso de Biomedicina Giulianno Alves que empreendeu no primeiro laboratório especializado em análise de água da região, o Aqualyse. Além da atuação de outros profissionais que obtiveram a experiência durante sua vivência no projeto.
Qualidade da água após 20 anos da tragédia da hemodiálise
Após a morte de quase 60 pessoas devido a contaminação da água que era utilizada no tratamento de hemodiálise em Caruaru, contaminados pelas cianobactérias que são algas verde -azuladas presentes na água. O projeto Águas do Agreste realiza a análise dessa água, inclusive com a recente publicação de artigo científico que aborda a presença das cianobactérias e cianotoxinas, em especial na área do rio Ipojuca que banha Caruaru, resultando ainda na presença destas bactérias no rio.
Para que possamos ter um maior controle sobre a qualidade da água e alimentos que manipulamos em nossas casas, conversamos com o professor Agenor Jácome que nos forneceu dicas preciosas:
Asces: Como podemos melhorar a qualidade da água que consumimos em casa?
Agenor Jácome: Classicamente se fala da fervura da água, porém ela consegue eliminar o que chamamos de formas vegetativas, as formas esporuladas não morrem com o aquecimento. Então, por exemplo, se uma bactéria chamada Clostridium que é oriunda de contaminação de lixão e cemitério ela não morre apenas na fervura da água. Uma outra forma muito comum é a filtragem em pano, porém ela só retira as sujidades visíveis, enquanto que a água ainda poderá estar contaminada.
Asces: A água que chega na torneira pode ser consumida?
Agenor Jácome: Nessa fase de estiagem, é comum a mistura da água residual com a água potável. Então se ao abrir a torneira a água sai escura ou amarela, ela não serve para serviços domésticos ou mesmo escovar os dentes, ainda que ela seja fervida. Porém, se essa água sai com aspecto turvo e diversa do incolor ela deve ser fervida para se lavar os pratos por exemplo, porém dependendo do índice de contaminação da mesma esse trabalho será em vão. Um grande aliado do consumidor é o filtro de barro ou os purificadores de água, eles realizam um trabalho excelente na purificação da água inclusive em situações de contaminação, no entanto a vela do filtro precisa ser lavada semanalmente, caso contrário as bactérias contidas na vela poderão contaminar ainda mais a água.
Asces: A água mineral é confiável?
Agenor Jácome: Teoricamente a água mineral é potável e deve ser consumida diretamente, no entanto existem fornecedores de má fé que adulteram a água, dessa forma o consumidor deve certificar-se de que no rótulo da embalagem conste os códigos DNPM (Departamento Nacional de Produção de Minérios) como também o registro no ministério da saúde, com estas duas informações visíveis esta água é mais garantida.
Existe também uma água chamada de “adicionada de sais” todavia é preciso ter muito cuidado, pois se essa água quando exposta ao sol precipitar um lodo verde, significa a presença das cianobactérias.
Asces: Como podemos garantir a qualidade das nossas hortaliças?
Agenor Jácome: Recentemente publicamos um artigo na Revista Ambiágua através do estudo de uma estudante de Farmácia, que constatou que quanto mais contaminada a água consequentemente a hortaliça também estará contaminada, dessa forma também testamos alguns descontaminantes como a água sanitária, o ácido acético(Vinagre) e ácido peracético. Resultando que o vinagre tem um índice de descontaminação equivalente aos demais, com um total de 99% de redução da carga bacteriana, assim para o consumidor é extremamente vantajoso utilizar-se do vinagre que é um produto natural que não causa intoxicação como por exemplo a água sanitária, finalmente nesse trabalho foi comprovada a contaminação das hortaliças através da água, como também da eficiência do vinagre enquanto descontaminante.
Indicamos que o consumidor coloque sua hortaliça de molho numa solução de 1lt de água para 200ml de vinagre por 15minutos, assim seu alimento estará livre de contaminação.