Estudantes da Asces realizam intercâmbio internacional através do Ciência sem Fronteiras
O Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento – CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC.
A estudante Elaine Germinio, do 7º período do curso de Biomedicina, concedeu entrevista ao Portal Asces e relatou que ser selecionada para o Ciência sem Fronteiras foi mais simples do que ela imaginava e explicou o passo a passo para estudar em uma universidade estrangeira. Além de Elaine os estudantes Amanda dos Santos, do curso de Farmácia, Bruna Silva, do curso de Fisioterapia e Widjane Gonçalves, do curso de Educação Física também realizaram intercâmbio em universidades da Austrália.
Portal Asces – Como você ficou sabendo do programa Ciência sem Fronteiras?
Elaine Germinio – Através de um professor da Instituição que na época havia acabado de retornar dos Estados Unidos como bolsista do Programa Ciência sem Fronteiras na modalidade doutorado sanduíche, onde ele contou sobre sua experiência e nos motivou a participar.
Portal Asces – O que a fez se inscrever e tentar participar do programa?
Elaine Germinio – Depois de descobrir a oportunidade de participar do programa eu pesquisei relatos de experiência de antigos participantes e fiz pesquisas sobre o processo seletivo, foi onde descobri que a inscrição e o processo seletivo seriam mais simples do que eu imaginava. Além disso, procurei entender como ocorria o processo de concessão da bolsa em relação aos custos gerais como mensalidade, deslocamento, custo de vida, planos de saúde e manutenção pessoal e descobri que o programaCSF era responsável por todos esses gastos, todos estes benefícios me motivaram a realizar a seleção.
Portal Asces – Qual o caminho para a realização da inscrição e quais as especificidades e critérios que o estudante tem que ter?
Elaine Germinio – O primeiro passo para realizar a inscrição é que o estudante seja de nacionalidade brasileira e esteja com matrícula ativa em uma instituição de ensino e apresente perfil de aluno de excelência, baseado no bom desempenho acadêmico, com coeficiente de rendimento igual ou superior a (7,0) sem reprovações. Além destes critérios institucionais que serão decisivos na etapa de analise de currículo, é importante que o aluno tenha realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) recentemente. Dependendo do país escolhido é necessário apresentar também proficiência em uma segunda língua na maioria dos casos o Inglês. Dependendo do resultado do teste de proficiência (IELTS ou TOEFL) isto poderá dar ao estudante o direito a um curso de aperfeiçoamento na língua estrangeira dentro da própria universidade de destino (este foi o meu caso).
Portal Asces – Existe uma grande concorrência?
Elaine Germinio – Existem 101 mil bolsas que deverão ser ofertadas em quatro anos para promover intercambio para alunos de graduação e pós-graduação. O número de vagas é disponibilizado de acordo com o edital disponível onde há oferta de cada país e cada instituição de destino no exterior. Alunos de universidades pública e privada de todo o país (que estejam vinculadas ao programa) concorrem de maneira igual a todas as bolsas ofertadas.
Portal Asces – Quais são as etapas de seleção?
Elaine Germinio – Depois da inscrição realizada de acordo com o edital vigente (cada país tem seu próprio edital, às vezes vários países abrem edital na mesma época), e entrega da documentação que ocorre toda on-line no site do próprio programa (www.cienciasemfronteiras.gov.br). Depois ocorre a etapa de homologação onde a sua instituição de ensino aprova ou não o estudante confirmando se ele está dentro dos critérios exigidos para concessão da bolsa. A terceira etapa é realizada pela CAPES ou CNPQ que vão aprovar as candidaturas de acordo com perfil do aluno e adequação do curso de graduação às áreas contempladas pelo programa. A última etapa é de responsabilidade da instituição estrangeira que irá alocar os estudantes de acordo com suas áreas de estudos, nesta etapa as premiações e proficiência em línguas são os critérios decisivos.
Portal Asces – Como você fica sabendo do resultado final?
Elaine Germinio – O resultado final é divulgado no site do programa e além disso os aprovados passam a ser acompanhados por técnicos on-line que darão todas as instruções sobre documentação necessária e orientações de embarque.
Portal Asces – Qual o processo, os trâmites, depois de aceito, para o início dos estudos?
Elaine Germinio – A partir do momento que o estudante é aceito por uma universidade estrangeira (o que eles chamam da offerletter – carta de oferta) começam os trâmites de assinatura de termos de compromisso e aceitação da bolsa, em seguida começam as preparações para passaporte e visto. Além disso, os auxílios começam a ser liberados para cobrir os custos de embarque.
Portal Asces – Qual a duração do intercâmbio e como é a escolha do país e universidade?
Elaine Germinio – A duração do intercâmbio varia de acordo com a modalidade. Para graduação sanduíche, por exemplo, pode durar 12 meses ou 18 meses (no caso de estudantes beneficiados com o curso de línguas). O estudante no ato na inscrição faz a escolha do país de destino e pode ou não fazer a escolha da universidade que deseja concorrer.
Portal Asces – Como é a relação de custo, hospedagem, alimentação, mensalidade da universidade e viagem?
Elaine Germinio – A CAPES ou CNPQ são os responsáveis pelo financiamento das bolsas. Técnicos são contratados para acompanhar cada estudante durante o pré-embarque e também o tempo de vigência da bolsa, o estudante receberá um cartão bancário de utilidade internacional e o saque do dinheiro (na moeda local dependendo do país) pode ser realizado facilmente em um simples caixa eletrônico. As mensalidades referentes ao intercambio são pagas direto as universidades, assim como a empresa de plano de saúde é contratada pelo próprio técnico responsável. Os custos de hospedagem, alimentação, transporte e gastos pessoais são responsabilidade do aluno que pagará tudo isso com a bolsa que é depositada mensalmente no seu cartão e varia de acordo com o custo de vida do país e valor da moeda local. Ao todo o aluno recebe: mensalidade de bolsa, auxílio-instalação, auxílio material didático, passagens aéreas e seguro saúde.
Portal Asces – Como são as aulas, a rotina de estudos. E fica sua situação ao retornar a sua instituição no Brasil?
Elaine Germinio – A metodologia depende de cada universidade, mas no geral é bem diferente do método de ensino brasileiro, exigindo ainda mais uma autonomia por parte do aluno. Na minha instituição as aulas acontecem em auditórios com cerca de 200 ou 300 estudantes e não em sala de aula como no Brasil, além disso, o conteúdo é dado de forma geral, sendo necessário o estudo de artigos científicos e outros conteúdos programáticos para um aprendizado mais detalhado, as aulas aconteciam no período da manhã e tarde de acordo com o horário disponível para cada disciplina. As disciplinas estudadas podem ser aproveitadas e dispensadas na grade curricular do estudante na sua volta ao Brasil.
Portal Asces – Você precisa saber outra língua?
Elaine Germinio – Sim, você precisa provar proficiência de língua de acordo com teu país de escolha.
Portal Asces – Em qual país, universidade você ficou e por quanto tempo?
Elaine Germinio – Minha bolsa teve vigência de um ano e meio e durante pouco menos que esse período estive residindo na cidade de Melbourne na Austrália estudando no colégio de línguas e na La Trobe University.
Portal Asces – O que você leva dessa experiência para sua vida pessoal e profissional?
Elaine Germinio – Sem dúvidas o intercambio abre portas não apenas como impulso para sucesso profissional, mas também acadêmico. Depois de viver um tempo no exterior muitas coisas mudam, seja no modo de pensar, seja na busca por novos desafios, você sente que o mundo está ao seu alcance, você sente que é capaz de realizar sonhos que parecem inalcançáveis, onde quer que você esteja e pra onde quer que vá. Acredito que para mim o maior dos aprendizados em todo este tempo fora, foi relacionado ao ponto de vista cultural, eu pude conviver com asiáticos orientais e ocidentais, europeus, americanos e claro com os próprios australianos, absorvendo deles uma riqueza cultural incalculável. Eu aprendi com eles apreciar melhor os detalhes ao meu redor, mas aprendi também muito sobre a história de cada país. Sem contar que foi durante a viagem que construí uma família nova, com os estrangeiros, mas também com muitos brasileiros, que contribuíram na troca de experiência acadêmica de acordo com cada região do país que dispõe do seu curso. Entre nós, brasileiros, com culturas vindas de vários cantos do país muitos laços profissionais e de respeito foram construídos e principalmente muitos laços de amizade que ainda hoje permanecem firmes e é isso que nos dá ferramentas para sermos melhores.