Cineclubistas do Agreste e Sertão participam de oficina do Cine Mais Cultura
Cineclubistas do Agreste e Sertão de Pernambuco participam de capacitação do Mais Cultura.
Até a próxima sexta-feira, 25 de novembro, 44 cineclubistas de 16 municípios do Agreste e Sertão pernambucanos seguem reunidos na cidade de Moreno, onde participam da 2º Oficina de Capacitação do Cine Mais Cultura. Uma iniciativa da Fundarpe em parceria com o Ministério da Cultura, o Conselho Nacional de Cineclubes e a Federação Pernambucana de Cineclubes (FEPEC).
Articulados em ONGs, associações comunitárias ou grupos culturais, os participantes foram contemplados em edital lançado pela Fundarpe e, após o período de capacitação, estarão aptos a receber os kits audiovisuais fornecidos pelo MinC. “Foi uma grande alegria termos sido selecionados, agora tem muito trabalho pela frente”, resume Renato Magalhães, da Associação Cultural Pedra do Reino, de São José do Belmonte.
Presente à mesa de abertura da Oficina, o coordenador geral do Programa Mais Cultura em Pernambuco, Alexandre Miranda, destacou o importante papel que os cineclubes exercem na promoção do acesso ao audiovisual e no incentivo ao pensamento crítico do público: “Não é apenas entretenimento, mas também uma possibilidade de revolucionar o cotidiano de uma cidade e construir novas relações sociais e visões de mundo”.
Representando a Regional Nordeste do Ministério da Cultura, Beto Azoubel saudou os participantes neste “começo de uma longa jornada pela difusão do audiovisual” e comemorou o bom relacionamento entre as esferas governamentais e a sociedade civil que “permitem avanços concretos na política cultural”. Parceria também comemorada por Gê Carvalho, presidente da FEPEC, entidade responsável pelo curso: “A parceria com a sociedade civil fortalece as ações de governo e, neste caso, é fundamental para que possamos crescer como rede a partir de momentos de formação coletiva”.
Ainda saudando os participantes, a coordenadora do Cine Mais Cultura no Estado, Juliana Pinheiro, reforçou que “este é apenas o início de um trabalho que será intenso para o cineclubismo pernambucano” e que tem como objetivo não apenas capacitar cineclubistas, mas, principalmente, formar parceiros multiplicadores.
Cidadania e difusão cultural
Mais que dois eixos importantes da política de fomento aos cineclubes, os conceitos de cidadania e difusão cultural devem estar presente no cotidiano dos grupos. Para o coordenador de rede do Cine Mais Cultura – MinC, Rodrigo Boullet, “apenas um bom equipamento não resulta numa boa experiência cineclubista. O mais importante é o material humano, a disposição do coletivo de promover a cidadania através de exibições não comerciais que favoreçam o encontro, a troca de experiências e a reflexão sobre a realidade socioeconômica e cultural de uma determinada região”, destacou.
Segundo a representante regional do Conselho Nacional de Cineclubes, Grazielle Ferreira, “os cineclubes têm a responsabilidade e o desafio de escoar a produção audiovisual, especialmente a brasileira. Mostrar e discutir com a população um Brasil que nem todos conhecem, que não aparece na propaganda ou no cinema comercial”.
Funcultura/Audiovisual
Como mais uma estratégia para o fomento do setor cineclubista, foi anunciado pelo coordenador de apoio à Gestão do Funcultura da Fundarpe, Antônio Cruz, o compromisso do Governo do Estado de lançar, ainda em 2011, mais um edital do Funcultura/Audiovisual: “Estamos finalizando o processo burocrático que vai permitir ainda mais apoio à produção audiovisual pernambucana e também aos cineclubes, que concorrem em uma subcategoria específica”, explicou.
De acordo com a coordenadora do Audiovisual da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Carla Francine, a iniciativa é fruto “de uma gestão que acredita no movimento cineclubista e no poder transformador da cultura”. E concluiu destacando a meta do Governo de incentivar a criação de pelo menos um cineclube por município: “É nesse sentido que estamos fortalecendo a interiorização das ações culturais como Festivais e oficinas, para que possamos cumprir nossa obrigação de levar o audiovisual à população”.
Sonho de mudar a realidade
Quarenta e três entidades, a maioria de municípios que ainda não possuem um cinema sequer, vão receber a partir de janeiro de 2012 kits audiovisuais contendo um tela para projeção, um projetor de vídeo, um aparelho leitor de DVD, uma mesa de som de quatro canais, caixas não amplificadas, um amplificador e dois microfones sem fio.
Em Caruaru, a Faculdade Asces, através do Projeto Cine Sofia Asces, foi contemplada.
Em Belo Jardim, cidade do Agreste Central com 82 mil habitantes, quem vai estar à frente do cineclube da Associação de Artesanato Tareco e Mariola são os jovens Cirlane e Silvano. “Já tínhamos participado de uma oficina e até produzimos um curta-metragem. Foi gratificante exibir o nosso trabalho para um público em que maioria nunca tinha visto uma tela de cinema e pôde realizar um sonho”, lembra Cirlane. Para ela, a chegada dos equipamentos é “a possibilidade de continuar realizando o sonho de ainda mais pessoas”.
Já na zona rural de Limoeiro, o cinema vai chegar de Kombi. Tarcísio Queiroz e João Guilherme, do Centro de Criação Galpão das Artes, antes mesmo de receberem os equipamentos do Cine Mais Cultura, fecharam uma parceria com um empresário local que cedeu o veículo para o projeto. “Nossa intenção é montar a estrutura de projeção na kombi e realizar sessões itinerantes até em cidades vizinhas, não apenas no Galpão”, conta João Guilherme, mais recente cineclubista de Pernambuco.
E em Sertânia, será em parceria com a Associação de Artesãos e Artistas Populares que Taíse Lira e Wanderson de Melo, da ONG Coletividade, vão tocar as ações do novo Cine Mais Cultura da região: “Estamos animados com a ideia de realizar exibições e desenvolver a cultura e o lazer na nossa cidade. Nosso objetivo é também potencializar o espaço onde vai acontecer o Cine, entrar na agenda cultural de Sertânia”, deseja Taíse.
Confira relação dos cineclubes (Mais Cultura) em Pernambuco.
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Sobre o Convênio
Após as etapas de capacitação e recebimento dos kits, os cineclubes serão acompanhados por monitores da FEPEC durante seis meses. Os convênios firmados têm a validade de 02 anos a partir da entrega dos kits, que ficarão em regime de comodata sob a responsabilidade dos grupos. Após a fase de avaliação inicial, os equipamentos serão cedidos, em definitivo, às entidades bem avaliadas.
Os cineclubistas assumem o compromisso de realizar pelo menos uma sessão por semana aberta ao público e com tempo destinado à reflexão sobre a obra exibida. Devem também prestar contas através de relatórios e resposta a pesquisas trimestrais. Ao longo de um ano, 60% dos filmes apresentados devem ser produções nacionais.