Gays e nordestinos são os mais atacados no Twitter
A SeferNet é uma organização não-governamental que combate crimes contra direitos humanos na rede. De acordo com o presidente da entidade, Thiago Tavares, as manifestações de ódio no microblog acontecem em ondas e, quase sempre, sem planejamento. Mas há exceções, destaca.
No caso da homofobia, um grupo liderado por pastores evangélicos, certa vez, articulou uma ação no Twitter contra gays. Em relação a nordestinos, não. Geralmente, é espontânea do ponto de vista da disseminação das mensagens. Tudo pode detonar uma onda dessa. Agora, mais recentemente, o que detonou foi o resultado do jogo do Flamengo contra o Ceará – afirma, detalhando que houve um acirramento dos ataques a esses dois grupos a partir do segundo semestre de 2010.
Há um recrudescimento de posições extremamente conservadoras, de negação de direitos. Sempre que temas como, por exemplo, o projeto de lei que criminaliza a homofobia entra na pauta da imprensa, geram manifestações de intolerância e de discriminação, especialmente, no Twitter – acrescenta.
Tavares explica ainda que o foco do preconceito se desloca quando a análise é feita tomando como referência a web de maneira geral. Neste caso, negros e judeus passam a ser os grupos mais discriminados.
Os crimes de ódio tradicionais, os sites criados com este propósito, normalmente estão associados a células nazistas, neonazistas ou a grupos organizados ou semi-estruturados. Esses sites não têm crescido exponencialmente nos últimos anos. Têm se mantido estáveis. Estima-se que exista no Brasil cerca de 300 células neonazistas. Algumas maiores e mais articuladas, outras menores. Elas têm uma atividade online. As células menores e mais dispersas não possuem sites próprios e acaba usando redes sociais, como Orkut. O Twitter é diferente. Enquanto no Orkut o sujeito usa a plataforma para arregimentar membros, tentar disseminar a causa ariana, no micriblog o mais frequente são pessoas comuns. É o usuário comum, o cidadão comum que tem preconceito contra negros, homossexuais, nordestinos e acaba manifestando esse preconceito em algum momento.
O presidente da SaferNet salienta que mesmo manifestações aparentemente inócuas podem, sim, ser enquadradas na categoria de crimes de ódio, caso seja caracterizado dolo e intenção de discriminar.
Espaço público
Para Tavares, o brasileiro ainda está aprendendo "a duras penas" que a web é um espaço público. "Parece uma coisa óbvia, mas para a maioria esmagadora dos usuários não é", diz, lembrando que o internauta deve refletir antes de postar qualquer conteúdo na rede.
Ele informa que os casos podem ser reportados à Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, criada pela SaferNet e operada em parceria com os ministérios públicos federal e estaduais.
Basta copiar o link da página e colar no formulário de denuncias, que está no endereço www.denuncie.org.br.
Fonte: Site Terra Maganize