Contaminação pela KPC fora de hospitais é praticamente impossível, diz médico
Médicos, enfermeiros, técnicos da área de vigilância sanitária e outros profissionais de saúde estão em alerta por causa da ‘superbactéria’ KPC. Em Pernambuco foram registrados, até agora, seis casos. Uma mulher que estava infectada com a bactéria morreu esta semana, por isso, é tão importante que todos saibam o perigo que ela representa.
O médico infectologista Vicente Vaz explicou que o risco de contaminação está em pessoas internadas há muito tempo em UTIs, em estado grave. É pouco provável que pessoas fora desse grupo de risco sejam contaminadas com a bactéria. O infectologista fez questão de dizer que a contaminação se restringe ao ambiente hospitalar.
“Só quem está internado, e principalmente há muito tempo, em UTI é quem corre os riscos. É o que tem mostrado até agora. É pouco provável que médicos e enfermeiros fiquem debilitados. Bactérias resistentes fazem parte do dia a dia do médico. A KPC não é nossa preocupação maior. Ela é grave, pois há poucos antibióticos para tratá-la. Aqui em Pernambuco o contágio é pequeno. O hospital é um local de risco sempre, mas os benefícios dos processos cirúrgicos superam esses riscos”, explicou o médico.
O infectologista contou que esse tipo de bactéria existe no mundo inteiro há muito tempo. Ela foi induzida pelo uso desordenado dos antibióticos e a tendência é que o incidente ocorra cada vez, uma vez que o uso de antibióticos aumenta dia a dia.
Algumas pessoas temem que esta bactéria tenha algo de similar com a gripe H1N1. O médico foi taxativo: “isso não tem nada a ver com a gripe H1N1. A gripe é transmitida por um vírus e é altamente contagiosa”.
A BACTÉRIA
A KPC é resultado da mutação genética de uma bactéria que já existe no corpo humano e que, geralmente, é inofensiva. Mas, com o uso excessivo de antibióticos, ela se torna super-resistente aos remédios que deveriam combatê-la.
Os remédios destroem as bactérias normais, mas as mutantes sobrevivem se reproduzem e atacam pacientes com o estado de saúde muito debilitado, internados em unidades de terapia intensiva, por exemplo.
De acordo com o Ministério da Saúde, há registros da KPC em Pernambuco, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) reforçou aos hospitais a obrigação de informar os casos registrados da superbactéria: “nós implantamos desde 2007 uma rotina de notificação de bactérias superresistentes, mas mesmo assim, em alguns casos, eles só fazem isso se forem obrigados, com medo de causar pânico. A gente informou que é obrigatório, já que é de interesse epidemiológico para o Estado”, disse Jaime Brito, gerente da Apevisa.
Brito contou ainda que os hospitais estão preparados para lidar com a KPC: “a fiscalização nas unidades já é rotina. Os hospitais já estão preparados, tanto nos procedimentos, como na qualidade das equipes e dos antibióticos. Bactérias superresistentes sempre irão ocorrer. É preciso tranqüilidade neste momento”.
Através do número da Secretaria de Saúde é possível tirar dúvidas sobre o caso. O telefone é o 0800.286.2828.
Fonte: pe360graus