Foi divulgado hoje, 30, pela Federação Internacional de Planejamento Familiar, IPPF, o relatório "Morte e Negação: Abortamento Inseguro e Pobreza", que possui o objetivo de alertar a um dos índices mais assustadores dos países em desenvolvimento. O aborto como o principal responsável pela morte de 70 mil mulheres por ano.

As maiores estatísticas sobre abortos inseguros acontecem nos países pobres, principalmente naqueles onde o procedimento é ilegal. De acordo com o relatório, 78% do total de abortos no mundo acontecem nos países em desenvolvimento. Destes, 96% são feitos com procedimentos inseguros.

O relatório indica que as mulheres pobres, jovens e nordestinas são mais vulneráveis. No Brasil, foi registrado no ano passado a média diária de 686 internações no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de complicações pós-aborto. O estudo revela que a média brasileira no ano passado foi de 2,07 abortos induzidos por grupo de 100 mulheres. O problema é mais grave na Região Nordeste, onde a taxa é de 2,73, maior que a média nacional.

A diretora da IPPF, Carmem Barroso, disse que o número elevado de abortos no Brasil é sobretudo um problema socioeconômico. “O Nordeste é a região mais pobre do Brasil, onde as mulheres têm menos acesso à informação, menos acesso aos meios de evitar uma gravidez e que portanto se vêem desesperadas com a gravidez indesejada e recorrem ao aborto em maior número”, afirmou a diretora, em entrevista coletiva para apresentação do relatório.

No mundo, os índices de abortos predominam nos países pobres, com a África liderando a maior proporção, um total de 58% . Na América Latina é constatado17%, na Ásia 9% e na Europa 5%.

Cidade do México aprova legalização do aborto
Mesmo estando no segundo país mais católico do mundo, a Cidade do México aprovou desde abril a legalização do aborto. A nova legislação permite a interrupção da gravidez até a 12ª semana de gestação, Lei que vale apenas para a capital mexicana.