Sanitaristas fazem a diferença no enfrentamento da pandemia no Brasil
Coordenadora da graduação em Saúde Coletiva na Asces-Unita, a professora Eline Mendonça cita o SUS e suas instituições como elemento central no combate à Covid-19
Alicia Gardênia Lima é natural de Água Preta, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. Egressa da primeira turma formada em Saúde Coletiva pela Asces-Unita, há três anos, ela jamais imaginou que pouco tempo depois enfrentaria em seu campo de trabalho uma pandemia com consequências graves como a da Covid-19. “A lotação dos hospitais e a demanda nas UBSs foram desafiadoras para todos os profissionais da área”, afirma.
Depois de atuar como técnica na III Geres, que atende a 22 municípios, assumindo as responsabilidades da coordenação de promoção da saúde, Alicia trabalha hoje como sanitarista nas secretarias de saúde dos municípios de Água Preta e Palmares. “Como todo início, está sendo desafiador, porém muito construtivo. Estou à frente do centro de testagem de Covid, seguindo os protocolos de saúde exigidos pelas autoridades”, cita.
Alicia explica que a atuação do sanitarista é embasada em políticas e portarias adaptadas à realidade de cada município. “Estudamos durante quatro anos maneiras e estratégias de como fazer o serviço fluir de forma prática e eficiente, respeitando as leis que regulamentam o SUS”, ressalta. Ela conta que trabalhar na saúde nesse período propõe vários desafios, entre eles o de se reinventar todos os dias. “Diariamente há intervenções a serem realizadas e sempre em realidades distintas”, revela.
“A saúde coletiva prioriza atingir a finalidade fundamental do SUS que é a defender a vida das pessoas, a partir da prestação do cuidado em saúde”, define a professora Eline Mendonça, coordenadora do curso de graduação em Saúde Coletiva na Asces-Unita. Ela lembra que o sanitarista faz parte da história da saúde no Brasil e cita exemplos como Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, cujas contribuições foram decisivas para o controle e erradicação de várias doenças no país.
A formação em Saúde Coletiva é recente, tem apenas 10 anos de existência. Antes disso, para ser sanitarista era necessário ter formação na área de saúde e fazer uma pós-graduação em saúde coletiva. “A necessidade de qualificação dos processos de gestão da saúde, tanto no setor público quanto privado é que justifica a formação desse novo profissional”, explica Eline, acrescentando também que o SUS é o elemento central no enfrentamento da Covid. “Esse enfrentamento mostrou inequivocamente que sem o SUS e suas instituições não conseguiríamos fazer frente à epidemia”, enfatiza.
A gestão de todos esses processos, inclusive, é conduzida por profissionais do campo da saúde coletiva, como os epidemiologistas e os sanitaristas. Defender o SUS, portanto, é fundamental para barrar o desmonte do sistema e evitar a privatização de serviços. “A sociedade pode e deve intervir contra isso. A arma mais poderosa do cidadão brasileiro continua sendo o seu voto”, defende Eline.