Programa de adoção jurídica de cidadãos presos completa 16 anos
Permitido-me, com a devida vênia, parafrasear o compositor Beto Guedes, ouso dizer que, há 16 anos, quando entrou setembro, a ASCES/UNITA fez brotar no Campus a boa nova de um trabalho que pretendeu plantar os frutos de um sonho fraterno, pedagógico e
humanista, aliado à formação técnica de seu corpo discente e que propiciasse à comunidade local os benefícios sociais que fatalmente produziria e legitimaria sua proposta. Nasceu, assim, o projeto de extensão universitária coordenado por sua idealizadora, Professora Perpétua Dantas, o qual se aproxima da maioridade plena e hoje já se reveste do status de PROGRAMA de Adoção Jurídica de Cidadãos Presos (PAJCP).
Centenas de alunos e inúmeros profissionais têm se envolvido com os trabalhos realizados pelo Programa de Adoção Jurídica de cidadãos presos ao longo desses 16 anos; muitos enveredaram pelos caminhos da advocacia criminal, outros atuam nos mais diversos ambientes do serviço público (Judiciário, Ministério Público, Delegacias de Polícia, Defensorias públicas etc), e também na academia. Ações sociais, grupos de estudo e pesquisa, trabalhos acadêmicos de doutorado e mestrado, defesas no plenário do Tribunal do Júri, centenas de ações e atendimentos aos indivíduos encarcerados foram realizadas por profissionais e estudantes extensionistas integrados ao PAJCP com o propósito de fazer com que a teoria e a técnica apresentadas em sala de aula aliem-se à vivência cotidiana, legitimando o verdadeiro ideal de justiça. O compromisso com a humanização da pena daquele que, em algum momento, distanciou-se da condição humana que lhe é inerente e que, por isso, precisa ser devidamente responsabilizado por seus erros inicia-se com a observância do ordenamento jurídico no seu contexto substancial e concreto, posto que o mero respeito a formalidades vazias inuma sementes ocas de onde nada novo nascerá. O Programa de Adoção Jurídica de Cidadãos Presos
procura fazer com que se possa incutir na comunidade carcerária o resgate da autoestima, fomentando-se o ideal de justiça e buscando-se o equilíbrio social que precisa ser pensado por todos. É certo que muitos se perderam no caminho (vítimas e algozes), mas o Programa de Adoção jurídica de Cidadãos presos continua acreditando que a implementação das práticas pedagógicas e da própria ciência jurídica deve exceder o dogmatismo puro e frio de suas regras, a fim de propiciar que a comunidade onde atua seja verdadeiramente alcançada pelas translúcidas e fraternas vestes da paz social. Que vivamos mais uma nova primavera e que
possamos abrir a janela do tempo para reaprender a lição de vida e amor ao próximo que todos sabemos de cor!
A todos que por aqui passaram nossos mais sinceros agradecimentos pela inestimável
contribuição que nos puderam proporcionar!
Profa. Kézia Lyra
Integrante do PAJCP, da ASCES/UNITA