Não é difícil que os consumidores adiem as compras ou até desistam delas motivados pela variação dos preços em lojas online. Também não é raro encontrar no mesmo e-commerce um aparelho eletrônico por valores diferentes ao longo de uma única semana. Esse sobe e desce de preços, semelhante ao que acontece com passagens de companhias aéreas, é chamado de “precificação dinâmica”.

Embora ela possa parecer injusta para quem compra, especialistas garantem que o cliente também pode ganhar, já que a prática abre a possibilidade de barganha também nas lojas físicas. A variação nos valores acontece a partir de softwares de monitoramento: as empresas rastreiam quantas pessoas estão buscando por aquele produto e qual o caminho online que elas percorreram até chegar àquela página.

Conforme esses dados variam, o valor muda automaticamente. Assim, se cresce a procura ou o estoque de determinado produto cai, o peço sobe; se o usuário já buscou em várias lojas, o valor também pode mudar.  "O preço não é dinâmico só em relação à demanda. O diferencial é que as lojas conseguem identificar, por meio do nosso rastro digital, se o consumidor está precisando daquilo ou se está propenso a comprar naquela hora”, explica o professor Marcelo Coutinho, da fundação Getúlio Vargas (FGV). “Ele rastreia suas buscas, quantas vezes você visualizou o item e até os seus comentários nas redes sociais.”

Se todo esse monitoramento parece uma grande vantagem para as lojas, Coutinho afirma que ele também funciona para o outro lado do balcão. Além de a fundação Procon chancelar a prática como legal, o professor explica que a possibilidade de checar os detalhes sobre o produto na internet faz com que os compradores consigam levantar as melhores oportunidades e utilizar os preços para pedir descontos em lojas físicas.

PECHINCHA

Foi assim que a advogada Tábata Campos conseguiu pechinchar na compra de uma TV. “Encontrei uma no site das Casas Bahia, mas que não seria entregue no prazo que eu queria. Fui na loja e lá era mais caro, mas como eu levei impressa a pagina online do produto, o gerente fez pelo mesmo preço”, diz. Ela ainda tentou a mesma prática com uma geladeira no site do Ponto Frio, mas não conseguiu desconto.

GERENTES TÊM AUTONOMIA PARA FAZER A NEGOCIAÇÃO

Em, nota a Via Varejo, controladora das marcas, afirma que os gerentes e vendedores têm autonomia para negociar descontos dentro dos critérios estabelecidos pela companhia para datas sazonais ou campanhas de vigentes. A empresa ainda destaca que “não há uma competição entre dois canais: eles se completam, tanto o que o consumidor eventualmente pesquisa no online e acaba comprando na loja e vice-versa”.

A tática de cobrir preços, no entanto, tem se tornado cada vez mais comum em diversos setores. A estudante Isabela Esher, por exemplo, conseguiu um desconto em um tapete para cachorros em umas das lojas da rede Petz. “Falei que o produto estava mais barato na Americanas.com e eles cobriram.” A estratégia faz parte do programa “Pesquise lá e Compre aqui”, adotado pela Petz no início deste ano. O consumidor que encontrar um produto com um preço melhor em lojas credenciadas na internet paga o mesmo valor na Petz. O objetivo, segundo Sergio Zimerman, presidente da empresa, é manter a competitividade das lojas físicas.

Para Pedro Guasti, presidente da Ebit, a estratégia ideal para as redes de varejo é integrar as lojas e o site. “Os canais de venda devem ser alinhados. Se quero algo que não tem na loja, o vendedor já deveria sugerir a compra online e ganhar comissão.” A Fast Shop e a Magazine Luiza não se manifestaram sobre o assunto. As lojas Americanas não quiseram comentar e a Vila Varejo não confirmou o uso de softwares para a precificação.  

Preste Atenção:

  1. Pesquise:  Consulte o valor de um mesmo produto em diferentes lojas online. Existem sites de comparação de preços que podem facilitar esse trabalho. Eles ainda mostram qual foi o preço mais alto e o mais baixo já registrado para aquele item
  2. Cache:  Limpe com frequência o cache do navegador – memória na qual parte dos dados usados pelos softwares para “rastrear” aquele usuário ficam armazenados.
  3. Navegador:  Use um navegador para fazer a pesquisa e outro para realizar a compra – ou abra uma aba anônima, para dificultar que os softwares tenham acesso ao seu “rastro online”
  4. Logout:  Faça logout das redes sociais antes de começar a fazer buscas.
  5. Extensões: Existem extensões de navegadores que ajudam o usuário a identificar se aquele valor está caro ou barato. O site Tecnoblog oferece uma dessas ferramentas para quem usa o Google Chrome.
  6. Pechincha: Antes de ir a uma loja física, pesquise o preço do produto no e-commerces e tente barganhar.

Fonte: Jornal do Commercio