Crise eleva número de clínicas populares
Com a saída de 1,4 milhão de pessoas dos planos de saúde, empresários enxergam na forma de clínicas populares uma oportunidade de negócio. Os estabelecimentos oferecem serviços mais baratos e diversas especialidades médicas. O preço das consultas varia entre R$80 e R$200. A empresária Litiane Vasconcelos resolveu apostar na conjuntura econômica para deslanchar o seu negócio. Ela é uma das sócias da franquia da rede DocctorMed de clínicas populares. O espaço foi aberto na Boa Vista, Centro do Recife, em abril de 2016, e conta com 24 especialidades e 32 médicos. Uma média de mil pessoas são atendidas por mês. O investimento foi de R$1 milhão até agora. "Desde que abrimos, estamos em crescimento constante. Um dos motivos para apostar no segmento é a saída dos usuários de plano de saúde e a situação crítica do SUS (Sistema Único de Saúde)", afirma. Na encruzilhada, a Clínica Médica da Família foi aberta há seis meses. Há 12 médicos. O movimento ainda é pequeno, com uma média de 25 atendimentos por dia, mas a empresária Áurea Portela acredita que o cenário vai mudar. "Nosso País está cada dia mais falido. A expectativa é de crescer em um futuro próximo", diz.
Os consultórios estão cheios de pessoas desacreditadas no serviço público. É o caso da aposentada Josefa Cândida, 65 anos. "Estou com problemas no ouvido. No posto, demora cinco meses para fazer o exame. Resolvi pagar porque é mais rápido", comenta. Já a assistente administrativa Erika Mesquita, 25, optou pela clínica popular por causa do preço. "Hoje, não tenho condições de manter um plano. Preciso fazer tratamento dermatológico. Em consultórios particulares, a consulta sai por R$200. Na clínica popular, é R$80", relata. Os empresários estabelecidos no mercado não encaram o momento com otimismo, por causa do aumento na concorrência. "Na Avenida Beberibe, abriram pelo menos seis clínicas novas. Criei grande expectativa com a saída dos beneficiários do plano de saúde, mas o povo está sem dinheiro. Antes as pessoas vinham fazer prevenção. Hoje, já chegam doentes", afirma uma das sócias da Clínica Central, Sheila Meireles. O estabelecimento funciona há 15 anos na Encruzilhada e realiza cerca de 1.500 atendimentos por mês.
O preço não deve ser um motivo de preocupação. "Nas ruas, é possível perceber o aumento das clínicas populares. Hoje, estão nos bairros de classe média. O preço mais em conta não significa que o serviço é de má qualidade", diz o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado, André Dubeux.
Fonte: Jornal do Commercio