Colete envia alerta para o celular e avisa a hora de corrigir a postura
Horas de trabalho na frente do computador, uso constante de smartphone e aquela certa negligência em relação à postura são fatores que podem levar à famosa dor nas costas. “Todo mundo vai sofrer com isso. A estatística é cruel. A cada grupo de 100 pessoas, 80 têm dor nas costas. E quem tem dor nas costas? É a população ativa”, explicou o fisioterapeuta e coordenador do programa de residência no Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, Álvaro Luiz Wollf.
As dores nas costas se tornaram inspiração para o engenheiro de computação Robson José Silva, de 30 anos. Ele criou um colete que monitora a postura da pessoa sentada e envia uma notificação para o smartphone quando a coluna está desalinhada. O projeto fez parte do trabalho de conclusão do curso de engenharia da computação na Universidade Positivo.
“Eu tive outras ideias de TCC que não foram aprovadas e, por ventura, eu estava com dor nas costas. Então pensei: por que não criar um dispositivo que monitora a coluna para aquelas pessoas que ficam sentadas tortas na frente do computador. Em cima da própria dor, tive a ideia”, contou Robson.
O fisioterapeuta explica que à medida que alguém se senta, vai relaxando e muda a posição fisiológica do corpo. Além disso, não existe posição tão boa que alguém possa permanecer nela por muito tempo. O ideal, recomenda Wollf, é que as pessoas se movimentem a cada 30 minutos e façam alongamentos.
Wolff explica que o mau posicionamento do corpo produz sobrecargas mecânicas. "Os tecidos e as articulações, para se manterem numa condição fisiológica, precisam alterar de posição regularmente. Essa mudança de posição, que é produzida pela variação de postura, nutre os tecidos. Os líquidos passam de uma posição para a outra embebendo a cartilagem, mudando de um tendão para uma parte mais muscular. Então, esta troca é benéfica”.
De acordo com o fisioterapeuta, a dor é consequência da falta de circulação. Por isso, quando há troca a posição e a pessoa senta corretamente, os tecidos voltam a respirar.
“Estava sentado? Caminhe. Estava sentado? Se estique, entrelace as mãos sobre a cabeça e se estique como se alguém estivesse puxando você para cima. Apoie as mãos nas nádegas e, levemente, faça o movimento colocando a cabeça e o corpo para trás”.
Essa troca de posição por dois, três minutos é suficiente para retomar a circulação dos tecidos e melhorar qualquer sobrecarga.
Wolff diz que este corriqueiro problema de dor nas costas acomete, principalmente, adultos ativos entre 18 e 65 anos. “O modo como você vive no planeta vai influenciar o aparecimento disso, mais cedo ou mais tarde”. Quem faz exercícios regulares, tem uma probabilidade menor de desenvolver o problema.
É necessário pensar em postura correta desde cedo, ainda na pré-adolescência. Segundo o fisioterapeuta Álvaro Luiz Wolff, a partir dos 12 anos a postura deve ser uma preocupação para crianças, pais e escolas. “É importante que o professor da criança tenha na cabeça o conceito de postura correta e já comece a estimular os alunos de como colocar o corpo no espaço de modo correto e neutro para que eles sejam adultos saudáveis. Ele vai passar a levar isso como ele escova os dentes ou toma banho”
Da dor à criação
Se o celular apitar, é hora de corrigir a coluna. Essa é a ideia básica do colete desenvolvido por Robson José da Silva. O que começou como uma obrigação para concluir a universidade, vem se desenhando como um projeto empreendedor. Robson contratou um advogado para auxiliá-lo no processo para patentear o colete.
“A ideia é criar uma start up em cima disso, criar o produto e buscar investidores”, revelou o engenheiro. Enquanto isso, Robson trabalha para aprimorar o colete. Hoje, o dispositivo funciona enquanto a pessoa está sentada. A intenção de Robson, porém, é desenvolvê-lo para qualquer atividade. “Em pé, sentado, correndo…” Aplicativo sugere que a pessoa caminhe após
um longo período sentada.
Como funciona
O colete recebeu o nome de “Coleco” e vai da cervical a lombar com três sensores conectados a um fio capaz de monitorar o posicionamento da coluna, a partir da força da gravidade. As informações são enviadas via bluetooth para um aplicativo de smartphone, que alerta o usuário para corrigir a postura.
O colete funciona a bateria, e todo o projeto foi desenvolvido com o auxílio de fisioterapeutas. “Ideia é que pessoas que têm tendência em desenvolver um problema, e não que já tenha um problema. De acordo com o tipo de problema da pessoa, não basta a reeducação postural. Ela tem que ter toda uma fisioterapia em cima, então, na verdade este colete, além de ser focado no paciente, ele é focado com um acompanhamento fisioterapêutico”, explicou o mentor do “Coleco”.
O investimento de Robson para desenvolver este projeto é considerado baixo – R$ 200,00. Ele estima que possa consegui comercializá-lo por R$ 150,00. Robson garante que qualquer pessoa poderá usar o coleto por baixo da roupa, sem desconforto. Atualmente, ele trabalha com os tamanhos P, M e G, mas estuda a possibilidade de criar um ajustável.“Eu fiquei contente com o resultado. Ficou melhor do que eu esperava”, disse o engenheiro.
Fonte: G1