Farmacêutica da Asces fala sobre os riscos da automedicação
O portal Asces realizou uma enquete no site da Instituição na qual foi perguntado: você costuma se automedicar? O resultado foi surpreendente: 82.69% responderam que sim e 17.30% responderam que não. Diante disso, entrevistamos a farmacêutica e orientadora do estágio III (Assistência e Atenção Farmacêuticas), do curso de Farmácia da Asces, Enúbia Coutinho.
Portal Asces – Por que esse hábito ainda persiste entre a população?
Enúbia Coutinho – O hábito de automedicação se deve à dificuldade que a população encontra em conseguir uma consulta médica, a escassez de fiscalização dos órgãos reguladores dos estabelecimentos de medicamentos e a falta de conhecimento sobre saúde por parte do usuário.
Portal Asces – Você acredita que essa postura depende de nível sócioeducacional?
Enúbia Coutinho – Sim, pois, o nível educacional torna às pessoas mais esclarecidas e independentes transformando-as em cuidadoras de sua saúde. Precisa-se ter uma população que tenha conhecimento sobre a medicina preventiva, a fim de praticá-la.
Portal Asces – O que mais deve ser feito para frear a compra indiscriminada de medicamentos, além da Lei Federal de só vender com receita médica?
Enúbia Coutinho – Deve-se ter um acompanhamento eficaz dos órgãos fiscalizadores nas farmácias, tais como a Vigilância Sanitária (VISA) e os Conselhos Federal e Regional de Farmácia, a fim de que esses estabelecimentos se comportem como posto de saúde, sob a responsabilidade ativa do (a) farmacêutico (a).
Portal Asces – A responsabilidade maior é do estabelecimento farmacêutico, do médico, do paciente ou de todos?
Enúbia Coutinho – De todos, porque cada um é responsável por uma etapa do cuidado de que o usuário necessita e um bom trabalho multidisciplinar pode mudar a realidade de saúde de uma população.
Portal Asces – A mídia também tem sua parcela de culpa, quando veicula na TV, rádio e impressos propagandas sobre determinados medicamentos e sua eficácia?
Enúbia Coutinho – Este tem um grande poder de propagar conhecimentos e convencimento da população. Dessa forma, os Conselhos, ao longo dos anos, têm vetado alguns informes de caráter abusivo ao uso irracional de medicamentos.
Portal Asces – Quais as reações que uma pessoa pode ter ao se automedicar?
Enúbia Coutinho – Podemos citar vários exemplos, tais como: hipoglicemia com antidiabéticos, sonolência produzida por ansiolíticos e hipotensão com os antihipertensivos. Um medicamento pode diminuir ou aumentar o efeito de outro ou pode causar efeito antagônico ao desejado, assim favorecendo tais reações:
Leve: não requer tratamentos específicos ou antídotos, não sendo necessária a suspensão do fármaco.
Moderada: exige modificação da terapêutica medicamentosa, apesar de não ser necessária a suspensão do fármaco. Pode-se prolongar a hospitalização e exigir tratamento específico.
Grave: Potencialmente fatal, requer a interrupção da administração do medicamento e tratamento específico da reação adversa, requerendo hospitalização ou a estadia prolongada de usuários já internados.
Portal Asces – Esse procedimento pode interferir ou mesmo dificultar um diagnóstico?
Enúbia Coutinho – Sim. Interferindo assim no tratamento de uma enfermidade, que se tivesse sido diagnosticada previamente a cura seria factível.
Portal Asces – Tem algum medicamento que possa ser utilizado sem prescrição médica?
Enúbia Coutinho – Entre eles estão: fitoterápicos; florais; medicamentos administrados por via dermatológica; bicarbonato de sódio; água boricada; água oxigenada; glicerina; tintura de iodo; soro fisiológico; xarope de iodeto de potássio; suspensão de hidróxido de alumínio; suplementos vitamínicos; própolis e geléia real.
Portal Asces – O médico é realmente o único profissional habilitado para receitar uma medicação?
Enúbia Coutinho – Não. Legalmente os prescritores são: médicos, cirurgiões dentistas, veterinários e, mais recentemente, nutricionistas diante de alguns fitoterápicos.