O mais provável, no entanto, é que a área tenha 7,9 bilhões de barris, segundo relatório da certificadora Gaffney, Cline & Associates. Se o potencial chegar a 15 bilhões, será a maior área já descoberta e vai mais que dobrar as reservas brasileiras, já que as confirmadas até o momento somam 14 bilhões de barris.

A descoberta já havia sido confirmada pela ANP e, ontem, o diretor-geral da agência, Haroldo Lima, disse que o potencial seria divulgado hoje. A área de Libra pertence à União, e foi a segunda a ser perfurada pela Petrobras para a ANP. Antes, o prospecto de Franco havia sido explorado, e as estimativas apontaram reservas recuperáveis de até 5,45 bilhões de barrias de petróleo e gás natural.

Franco foi incluído na cessão onerosa dentro do processo de capitalização da Petrobras. Libra ficou de fora e pode ser uma das primeiras áreas a serem leiloadas, dentro do modelo de partilha. O novo marco, no entanto, ainda precisa ser aprovado no Congresso.

A exploração em Libra ainda não foi finalizada. Segundo a ANP, foram perfurados 5.410 metros, sendo 22 metros na camada pré-sal. Está previsto que a exploração chegue a até 6.500 metros, no início de dezembro.

Libra fica localizada a 183 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, e pode ser a maior descoberta já feita no Brasil. O prospecto de Tupi, também no pré-sal da bacia de Santos, tem reservas estimadas de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo e gás.

Isso significa que a estimativa mais provável para Libra iguala o potencial máximo de Tupi. A perspectiva máxima para Libra representa o dobro de até quando Tupi pode chegar, em termos de reservas.

MERCADO

As ações da Petrobras subiram ontem pelo quinto dia consecutivo. Inicialmente, a recomendação de um grande banco estrangeiro foi usada como justificativa para a recuperação desses papéis, mas desde ontem, pelo menos, já circulavam especulações nas mesas de bancos e corretoras sobre a descoberta de um "megapoço". Desde sexta-feira, somente a ação preferencial (a mais negociada) valorizou quase 10%.

LEILÃO

Em setembro, o governo já havia informado que pretendia licitar as primeiras áreas do pré-sal sob o novo marco regulatório, que prevê regime de partilha, já na primeira metade do ano que vem. Na época o governo afirmou que o poço de Libra deveria ser o primeiro a ser licitado.

Na ocasião o poço de Libra já estava sendo perfurado pela Petrobras, a pedido da ANP. Inicialmente, a intenção era que a área entrasse no processo de capitalização da Petrobras, mas outras áreas foram utilizadas.

PRÉ-SAL

A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo.

Vários campos e poços de petróleo já foram descobertos no pré-sal, entre eles o de Tupi, o principal. Há também os nomeados Guará, Bem-Te-Vi, Carioca, Júpiter e Iara, entre outros.

Estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 100 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo.

Fonte: Folha.com