O risco de reprovação de um aluno do ensino fundamental que trabalha é 260% maior do que o de um estudante que não trabalha. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP). O estudo avaliou o histórico de 133 alunos, com idades entre 10 e 17 anos, da cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Segundo a autora da pesquisa, Renata Cristina da Penha Silveira, 36 entrevistados relataram trabalhar fora de casa e destes, 38,9% informaram já ter repetido o ano. Entre os que se dedicavam somente aos estudos, a proporção de repetência foi de 10,8%.
 
“Além de trabalhar, os alunos chegam em casa e ainda vão ajudar os pais em tarefas domésticas, como lavar roupas, louças, limpar a casa”, aponta Renata, que é enfermeira e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Os motivos para começar a trabalhar foram vários: 12 estudantes (33,3%) disseram ter de ajudar os pais a compor a renda da família; outros quatro (11,1%), afirmaram que queriam ganhar dinheiro; dois (5,5%) disseram gostar de trabalhar. “O restante citou as mais variadas causas, como comprar roupas, por vontade própria, dentre outros motivos”, explica Renata.

De todos os estudantes que trabalhavam, apenas um possuía registro na carteira de trabalho. A idade mínima de início do trabalho entre os entrevistados variou de 6 até 15 anos, mas a maior parte, 20,6%, iniciou as atividades aos 11 e 13 anos de idade.
 
BONS ALUNOS
Segundo Renata, os jovens que trabalhavam foram elogiados pelos professores por terem maior atenção e mais vontade de aprender. “Isso acontece porque, como eles começam a trabalhar mais cedo, ganham responsabilidades de adultos. Aí ficam mais interessados por um certo tempo. Mas depois, devido ao cansaço, às grandes jornadas de trabalho, eles abandonam os estudos”, diz.

O estudo foi desenvolvido na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (Eerp), da USP, com orientação da professora Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi.

Com informações do Portal de Notícias G1.