A professora doutora Catarina Simonetti diz que é importante neste momento darmos credibilidade aos dados científicos comprovados e às agências reguladoras

Na semana em que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford no Brasil, conversamos com a professora doutora Ana Catarina Simonetti Monteiro, que leciona as disciplinas Imunologia e Imunologia Clínica no curso de farmácia da Asces-Unita. Ela defende que somente através da imunização coletiva, ou seja, a partir do momento que as vacinas receberem aprovação total e distribuição mundial, o rumo da pandemia poderá ser modificado.

Farmacêutica-bioquímica Catarina destaca que o planejamento da vacinação nacional é orientado em conformidade com o registro e licenciamento das vacinas, que no Brasil é de atribuição da Anvisa. “O processo de imunização será iniciado nos seguintes grupos prioritários: trabalhadores da área de saúde; idosos maiores de 80 anos; idosos maiores de 75 a 79 anos; idosos maiores que 60 anos que vivem em asilos e indígenas”, ressalta. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu aval para que os governos locais possam estabelecer medidas para vacinação compulsória da população.

Até o momento, menores de 18 anos, gestantes, indivíduos com sintomas da Covid-19, sem diagnóstico confirmado, pessoas em tratamento de câncer ou portadoras de doenças imunossupressoras não podem ser vacinadas. “Após a utilização da primeira dose da vacina, o indivíduo necessita voltar para a sua residência, manter o isolamento social, aguardar a segunda dose e depois esperar pelo menos 15 dias para que a vacina atinja o nível de eficácia esperado”, observa Simonetti, esclarecendo que será necessário esperar que boa parte da população já tenha sido imunizada para que a vida possa voltar ao normal. “Neste contexto, é prudente que a utilização das práticas preventivas, já adotadas, permaneçam ativas até que a imunidade seja adquirida”, enfatiza.

Catarina Simonetti ressalta, porém, que nenhuma vacina é 100 % eficaz. “As vacinas da Pfizer/BionNTech e da Moderna contra a Covid-19 recentemente anunciadas, com eficácia de mais de 90%, também são insuficientes e ainda não se tem a certeza se essa porcentagem diminuirá com o tempo ou fora das condições do ensaio clínico. Entretanto, existindo uma imunização em massa, a cadeia de transmissão do patógeno será interrompida, assim favorecendo indiretamente uma maior proteção aos nossos amigos e familiares vulneráveis”, explica.

Diante do cenário de incertezas que vive a população, desde o potencial de infecciosidade à terapêutica adotada, assim como a segurança e eficácia das vacinas, Catarina diz que é importante que possamos conceder alguma credibilidade aos dados científicos comprovados e publicados, assim como às agências reguladoras, que têm como função primordial a promoção da saúde da população. “Neste contexto, recomendo também que cada indivíduo seja acompanhado por um profissional de saúde de sua confiança, a fim de que suas dúvidas sejam esclarecidas. A esperança e prudência serão fortes aliados no combate a essa pandemia”, orienta.