Quem passa diariamente pelas ruas do tranquilo bairro Universitário, em Caruaru, com seus belos apartamentos e casas modernas, não tem noção de que há seis décadas aquela área era uma fazenda, cercada por terra e mato. Foi somente a partir de 1959, com a criação dos pioneiros cursos de Odontologia e Direito, que a área começou a ser habitada. Foi o campus universitário da futura Asces-Unita quem deu origem ao bairro.

Quem conta detalhes dessa história é o cirurgião-dentista e pedagogo Renato Cabral, formado na terceira turma de Odontologia e professor da instituição há seis décadas. Inicialmente, foi a construção do Bairro Novo, do lado direito da estação ferroviária até o hospital São Sebastião, que fez Caruaru crescer naquela direção. Em 1951 foi inaugurada a Rádio Difusora. Por volta de 1954, Renato e sua família foram morar no Bairro Novo, exatamente na Avenida Agamenon Magalhães, 692.

“Eram sete casas iguais. O calçamento acabava na Difusora. Para frente era tudo mato. Praticamente não passava carro, a única coisa que existia depois era a Casa de Saúde Bom Jesus. Em 1960, meu pai se mudou para a Avenida Dr. Pedro Jordão, 409, onde também era mato. Inclusive tinha o riacho que passava ali e depois foi aterrado”, conta. Nessa época, a caça era permitida. Renato e seus amigos pegavam espingardas e saíam, aos sábados e domingos, para caçar na Fazenda Santa Maria. “Essa fazenda é onde estão hoje as faculdades de Direito e Odontologia, a Asces”, cita.

A igrejinha da fazenda era a de Santa Maria Gorette e atrás ficavam as casas dos colonos. Com a morte do proprietário, as irmãs Josefa e Maria José de Farias, conhecidas como irmãs Marijó de Farias, herdaram a propriedade e, sem condição de administrá-la, porque viviam mais tempo em Portugal, decidiram lotear o terreno, que vai até a pista de acesso a Riacho das Almas. “Muitas pessoas compraram terrenos, inclusive o deputado Tabosa de Almeida”, explica Renato, que é mestre em educação.

Quando um grupo de profissionais decidiu criar a Sociedade Caruaruense de Ensino Superior, precisou construir um campus para obter autorização do MEC. “Esse terreno foi doado pelo deputado Tabosa de Almeida, pelo seu irmão Jorge Tabosa de Almeida, pelo professor Heleno Benedito Vieira Torres e pelo comerciante Jorge Vieira de Assis”. No primeiro ano, 1959, a faculdade funcionou no Colégio de Caruaru, depois no Solar dos Vasconcelos que ficava ao lado do atual supermercado Assaí. Até que começou em ritmo acelerado a construção do campus.

Em 1967, quando Renato se formou, a faculdade já estava funcionando no novo prédio. Não existia nenhuma construção ao redor, a Avenida Portugal não era calçada e havia mato por todo lugar. “A faculdade foi crescendo e foi aumentando a quantidade de vagas e de alunos. A partir disso foram surgindo as casas, os prédios e o bairro começou a ser habitado. Deixou de ser Santa Maria Gorette para ser Universitário, isso graças à Asces-Unita, graças ao nosso crescimento”, argumenta. Renato afirma que hoje o Universitário é um dos bairros mais bonitos de Caruaru. “Tem a Casa do Estudante, muitos apartamentos e casas no entorno que os alunos dividem e devemos isso a Tabosa de Almeida, à Asces e seu crescimento”, enfatiza.