A jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Nobel de literatura em 2015, deixou o braço russo do PEN Center, uma das principais associações de escritores do mundo, em protesto contra a expulsão do jornalista Serguei Parkhomenko. Mais 30 intelectuais fizeram o mesmo que ela. "Meu comentário sobre a expulsão de Parkhomenko só pode ser minha decisão de deixar o PEN russo, cujos ideais fundadores foram covardemente violados. Na época da Perestroika, sentíamos orgulho de fazer parte do PEN, mas agora sentimos vergonha", escreveu Aleksiévitch em uma carta.

"Os escritores russos só agiram de forma tão subserviente e ultrajante no período stalinista. Mas Putin vai passar, enquanto essa página vergonhosa do PEN vai ficar." A associação de escritores resolveu expulsar Parkhomenko, conhecido por protestar contra Putin, por "atividade de provocação" e por "tentar destruir a organização". Os 15 membros do conselho votaram a favor da expulsão do jornalista de forma unânime.

O ativista disse que sua expulsão foi uma punição por um post no Facebook, em que criticava os líderes do PEN Center por recusarem apoio ao cineasta ucraniano Oleg Sentsov. Sentsov foi condenado a 20 anos de prisão em um julgamento controverso de uma corte russa, acusado de planejar atentados terroristas. A Anistia Internacional comparou o processo aos tribunais da era stalinista. Hoje o cineasta está numa colônia penal na Sibéria.

Fonte: Folha de São Paulo