Cento e três reivindicações saíram da 1ª Conferência de Saúde Mental do Recife, em março, mas uma em especial lança luz sobre a atenção básica. É a que exige a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasfs), como orienta o Ministério da Saúde na Portaria 154/2008. Só ontem a prefeitura instalou a primeira das 19 equipes prometidas para este ano, com a missão de mudar a cultura do acolhimento em saúde mental.

Recai sobre eles a responsabilidade de levar, pela primeira vez, psiquiatras, psicólogos e outros especialistas aos postos de saúde, serviço mais próximo da comunidade. A coordenadora da instalação dos Nasfs, Thatiane Torres, ressalta que não se resumirão a educar equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), como diz a portaria.

“Apostamos num modelo que fortalecerá o PSF a partir da troca de saberes. Assim, o cuidado será mais qualificado.”
Os dez profissionais do primeiro núcleo trabalharão com a unidade do PSF São José do Coque, Centro. “A expectativa é aumentar a resolubilidade nos serviços”, diz a nutricionista Ana Alice Almeida.

O grupo mescla sangue novo em saúde mental, como Ana, com outros calejados. “A proposta é inovadora e isso entusiasma qualquer profissional”, anima-se o psiquiatra Anchieta Caraciolo, com 20 anos de bagagem em hospitais de longa permanência, Caps e PSF.

Mas de nada adiantará entusiasmo se outros municípios não fizerem sua parte, alerta o coordenador do Conselho Municipal de Saúde, psicólogo Rosano Carvalho. “Se não priorizarem criação de Caps, leitos em hospital geral, emergência e ambulatório, continuaremos a concentrar serviços na capital, reproduzindo a lógica das filas de madrugada em hospitais de referência e ônibus lotados trazendo pacientes do interior.”

Segundo a gerente de Saúde Mental do Estado, Marcela Lucena, há iniciativas encorajadoras em Abreu e Lima, Jaboatão, Olinda, Paulista, Timbaúba, Caruaru, Chã Grande, Águas Belas, Garanhuns, Salgueiro, Serrita e Ibimirim.

Fonte: JC Online