O que pode parecer o grande vilão das graduações se mostra como o maior diferencial da colocação do novo bacharel no mercado de trabalho. Anualmente, o curso de Direito da Associação Caruaruense de Ensino Superior (Asces), recebe cerca de 140 novas monografias de conclusão de curso, como obrigatórias à colação de grau em Bacharel. Os melhores trabalhos são selecionados e publicados na Revista Eletrônica de Direito da própria Instituição e, os demais, estão disponíveis ao público em geral em sua Biblioteca.

Para a coordenadora do Núcleo de Atividades Monográficas da Asces, professora Roberta Cruz, os trabalhos possuem, cada vez mais, caráter prático e social. “Os discentes estão mais preocupados em dar respostas aos problemas cotidianos de suas próprias comunidades. Muitos deixam de lado a revisão bibliográfica e utilizam o conhecimento específico adquirido na Academia em problemas por eles conhecidos e vivenciados praticamente”, declarou.

Em 2007 uma inovação orgulha a Faculdade de Direito de Caruaru. É que Rossana Bion, descendente de índios, foi a primeira indígena a defender um trabalho monográfico e a concluir sua graduação em Direito. Após 48 anos em funcionamento, a tradicional faculdade forma uma representante dessa minoria, alijada de seus direitos desde a época da Colonização.

O trabalhado de Bion intitula-se: "Efetivação dos Direitos Indígenas na Educação Dentro da Tribo Fulni-ô". A autora esclarece qual foi o seu foco: “Minha maior preocupação é que a cultura do meu povo não seja esquecida. O objetivo principal do trabalho é tentar fazer com que o poder público disponibilize verbas que serão usadas na compra de material didático para o ensino de nossa língua materna Yathê”. E a aluna complementa: “O Yathê, atualmente, é a única língua indígena que ainda é preservada no Nordeste e isso não pode deixar de acontecer por falta de incentivos públicos. Esse direito é garantido pela Constituição Federal e devemos exigi-lo através da Lei de Diretrizes e Bases e de outros decretos”.

Uma das principais características da tribo Fulni-ô, em relação à preservação de sua própria cultura, é que ela mantém, anualmente, o próprio retiro de três meses, no qual a tribo costuma praticar todos os ritos e hábitos culturais.

A monografia foi defendida na segunda-feira, 22 de outubro, às 17h30, na sala B-108. A Banca examinadora foi composta pelos professores: Walber Agra (orientador), Glauco Salomão e Carlos Brito. A discente foi aprovada com a pontuação máxima.